Caderno de Resumo do III SIICS Caderno de Resumos do III SIICS | Page 103

Página | 103 EDUCAÇÃO PELA ATENÇÃO E PELO DIÁLOGO NO FAZER: PRÁTICAS COLABORATIVAS ENTRE ARTESÃS E DESIGNERS COM SEMENTES DA APA DO MARACANÃ Tayomara Santos dos Santos [email protected] Raquel Gomes Noronha [email protected] Orientador: Raquel Gomes Noronha Universidade Federal do Maranhão – UFMA Fundação de Amparo à Pesquisa do Maranhão – FAPEMA RESUMO: O presente trabalho discorre acerca de abordagens teórico-reflexivas da educação do antropólogo britânico Tim Ingold (educação pela atenção) e do filósofo alemão Hans-Georg Gadamer (educação pelo diálogo), observadas e vivenciadas em percursos projetuais mediados por ações do design (NORONHA, 2012), a partir das experiências em torno da atividade artesanal com sementes ornamentais (produção de biojoias) entre artesãs da comunidade rural e tradicional do Maracanã em São Luís do Maranhão e designers do Núcleo de pesquisa em Inovação, Design e Antropologia da Universidade Federal do Maranhão - NIDA/UFMA. O contato entre artesanato e design por meio das trocas de saberes em campo permite o desenvolvimento de didáticas e ferramentas para aprimoramento da atividade produtiva, enfrentamento de situações-problema na vida cotidiana das artesãs e a promoção da aprendizagem refletindo principalmente no aspecto econômico. O diálogo entre os autores sobre as formas de construção da educação evidenciadas no trabalho de coprodução da atividade artesanal consolida um processo ensino-aprendizagem para além da sala de aula. Deste modo, como objetivo buscou-se prototipar tecnologias sociais (ideias, modelos, ferramentas, artefatos) por meio do diálogo e da atencionalidade junto aos interlocutores em campo de modo que favorecer o trabalho artesanal e a biodiversidade promovendo as trocas e contribuições científico-vernaculares. Para a realização deste trabalho no primeiro momento, o diálogo como alui Gadamer (2004) foi o elemento fundamental para uma aproximação entre os atores sociais envolvidos (designers, artesãs, guias, moradores) possibilitando traçar planos em comum, através de visitas às residências das artesãs, dinâmicas de aproximação, rodas de conversa, oficinas e experimentos voltados a atividades com sementes ornamentais. O segundo momento dedicado ao acompanhamento e participação no cotidiano das artesãs, uma imersão em suas atividades produtivas do artesanato, ouvindo, observando e fazendo com elas suas atividades, num processo de atenção (INGOLD, 2013) a elas, principalmente os sentimentos percebidos e exercícios de imaginação em cada prática, atividade e palavra ao que o autor chama de correspondência. No terceiro momento, em posse de um significativo arcabouço contextual sobre o artesanato local, passamos para o processo de reconhecimento do território e da atuação das artesãs sobre este, uma reflexão em torno de suas histórias e experiências com o ambiente, que forneceu subsídios para o desenvolvimento coletivo e aplicação de ferramentas e práticas através de ações tangibilizadas pelo design. Ao conquistarmos a empatia e a confiança destas mulheres, como resultados preliminares, tecemos recomendações que atribuíssem o aprimoramento do saber-fazer e qualidade de vida a elas, em contrapartida, também aprendemos com as mesmas, sua experiência e técnicas que podem ser facilmente empregadas ao trabalho projetual do design. Palavras-chave: Design, Educação, Artesanato, Maracanã.