BlueAuto#2 Blueauto_02_julho-agosto2017 | Page 45

Os primeiros alertas e as primeiras leis N os anos 30 do século XX passou a ser escrito e citado na imprensa ameri- cana, com frequência inusitada, um novo vocábulo designado por “smog” – contracção anglo-saxónica de “smoke” (fumo) com “fog” (nevoeiro) –, que era então visível na Califórnia com maior intensidade mas para o qual não existia ainda uma explicação científica plausível. Os seus efeitos crescentes – visíveis a olho nu – determinaram, ainda em 1946, a formação de uma entidade autónoma, desig- nada por “South Coast Air Quality Management District” com o objectivo de avaliar a poluição na área metropolitana de Los Angeles, contro- lando a sua intensidade, as variações de direc- ção do fluxo assim como a composição. No ano seguinte é criada, dentro do mesmo espírito, a “Los Angeles County Air Pollution District”. É, contudo, na década de 1950 que, numa co- municação do Prof. A. J. Haagen-Smit, se esta- belece pela primeira vez uma correlação entre os Hidrocarbonetos (HC) e os Óxidos de Azoto (NOx), por um lado, e a formação de “smog”, por outro: o automóvel passava a estar na mira dos legisladores, mas a verdade é que não ha- via ainda informação suficiente para poder ac- tuar, pois os processos de combustão ainda não tinham sido estudados na óptica das emis- sões. Porém, as autoridades passavam a con- tabilizar o automóvel como um dos principais poluidores da atmosfera, atribuindo-lhe 20% de responsabilidade nesse “crime”. A indústria americana sentiu a pressão. Em De- troit, o estudo dos gases de escape passou a constituir um procedimento obrigatório dos testes de desenvolvimento dos motores à pro- cura de soluções que se adequassem à minimi- zação desse novo problema: identificaram-se melhor os produtos da combustão e estabele- ceram-se diversas correlações entre algumas das variáveis de controlo dos motores – riqueza da mistura, ponto de ignição, ângulos de aber- tura das válvulas de admissão e escape, com- pressão, temperatura do ar de admissão, geo- metria da câmara, etc – e os gases de escape. Num tempo relativamente curto, os construto- res aprenderam mais sobre combustão do que nos 50 anos anteriores. O cenário estava preparado para se começar a desenvolver um conjunto de soluções que per- mitissem optimizar o rendimento dos motores, Depois da Grande Depressão, a indústria automóvel norte- americana entrou numa escalada de dimensão que tornou os seus produtos dos segmentos superiores maiores e mais pesados, com consumos de combustível muito altos. embora ainda não houvesse respostas claras sobre esse assunto. Só na década seguinte se iriam encontrar pistas importantes nesse domí- nio. Dominar a combustão Um estudo efectuado por McGregor em 1965 demonstrava a crescente responsabilidade do automóvel na contaminação do ar. Nesse estu- do, efectuado na Califórnia, chegava-se à con- clusão que 80% dos hidrocarbonetos e 65% dos óxidos de azoto existentes na atmosfera eram responsabilidade directa dos automóveis. A necessidade da indústria automóvel norte- americana dar respostas visíveis e com impac- to às crescentes preocupações da opinião pú- blica implicou a procura de soluções de curto prazo. E a par da opinião pública, o Clean Air Act de 1963 definia já metas importantes que blueauto os veículos tinham de cumprir sob o ponto de vista das emissões. Nessa perspectiva, os técnicos de motores concentraram-s e em certos tópicos que garan- tiam resultados imediatos: diminuição do grau de compressão, introdução da electrónica para optimizar o ponto de ignição, adopção de ci- lindros achatados em vez de longos – ou seja, desenho de motores com relação curso/diâme- tro inferior à unidade – bem como o estudo de câmaras de combustão mais compactas que assegurassem maior turbulência no tempo de compressão foram algumas das medidas en- tão tomadas, todas elas incidindo na redução do HC e com resultados imediatos. Em 1973, a legislação norte-americana intro- duziu pela primeira vez restrições a nível dos óxidos de azoto (NOx). E os construtores op- taram imediatamente pela recirculação dos 45