Mas será que as plantas podem “ver, ouvir, cheirar, saborear e sentir”, como defendem estudiosos como Dieter Volkmann ou que “são inteligentes, talvez mais do que nós” como afirma Francis Hallé?
Um estudo publicado em 2023 na revista Nature Communications revela que as plantas têm a capacidade de comunicar e alertar outras sobre situações de perigo.
A descoberta surgiu a partir de pesquisas iniciadas na década de 1980, quando ecologistas observaram que árvores atacadas por lagartas e vermes libertavam diversas substâncias (o salgueiro produzia salicina, o carvalho tanino) que tornavam as suas folhas desagradáveis para os invasores. Surpreendentemente, árvores saudáveis da mesma espécie, localizadas a distâncias consideráveis e sem conexões de raízes com as danificadas, também desenvolviam essas defesas químicas.
Mas como o fazem?
Tal como o Homem procura comunicar com os seus semelhantes com sinais de fumo, estalidos como na língua xhosa, ou por língua gestual, também as plantas se entendem e entendem o que as rodeia, apesar de não falarem.
Conhecem-se pelo menos 17 fatores ambientais que as plantas examinam e processam constantemente, incluindo a gravidade, a luz, a humidade, a temperatura, os nutrientes e as fragrâncias. As raízes crescem direcionadas para a água distante ao detetarem o seu ruído, por outro lado, a variação nos ultrassons emitidos pelas plantas, indiciam às traças e morcegos a existência de danos ou o grau de secura da planta. Também conseguem produzir pigmentos que funcionam como protetor solar contra a luz UV e quando vitimadas por uma infeção viral, produzem ácido salicílico fortalecendo o seu sistema imunológico. Como verdadeiras artistas da perceção, as plantas sabem igualmente se as suas raízes tocam as de “parentes” ou de outras espécies.
A sobrevivência de uma planta depende da precisão com que analisa o seu ambiente, pois, estando firmemente enraizada num só lugar, incapaz de fugir, atacar ou morder, tem de comunicar de forma eficaz com tudo o que a rodeia.
Não usam sinais auditivos, mas optaram por outras formas de comunicação. Podem emitir sinais elétricos, devido ao movimento de iões ou libertar para a atmosfera substâncias químicas voláteis.
A propagação desses sinais elétricos dentro da planta ocorre com muita lentidão, a apenas um centímetro por minuto, o que implica alguma demora até estar devidamente protegida contra o seu agressor. Mas ao emitir substâncias odoríferas com significados diferentes, é enviada uma mensagem específica de defesa que se espalha a uma velocidade bem maior por extensas áreas.
Estudos realizados na Universidade de Saitama testemunharam em vídeo plantas não danificadas a receberem as mensagens das suas vizinhas feridas.