atómica fevereiro de 2025 | Page 6

Local: África do Sul, Parque Nacional Kruger.

Personagens: Antílopes, girafas e acácias.

Antílopes e girafas seguem em frente com fome.  Se pudessem contar a história diriam que, após arrancarem as folhas de acácias e apreciarem o seu sabor suculento, ao chegarem às árvores vizinhas mais afastadas, o gosto era amargo. A floresta inteira, de repente, tornou-se intragável.

Mas o que aconteceu exatamente?

Se uma acácia for mordiscada, comunica quimicamente com as vizinhas, emitindo um gás doce e inodoro, o etileno. As árvores da região entendem o sinal e aumentam drasticamente o teor de tanino nas suas folhas. O resultado é um sabor desagradável e os enzimas digestivos dos animais agressores são inativados causando problemas digestivos.

 Desde Darwin é aceite que as plantas apresentam certos comportamentos mas apenas têm sido aprofundados do “ponto de vista do utilizador”. Temos mais facilidade em atribuir emoções e até direitos aos animais, senão vejamos…

Qualquer criança sabe que as árvores são seres vivos, contudo, tratam-nas como “coisas”, de forma bem distinta do que fazem com os animais. Para o renomeado botânico Stefano Mancuso, defensor da neurobiologia vegetal, sofremos de “cegueira vegetal”.

Apesar das plantas representarem 85% da biomassa existente no planeta, só mais recentemente a Biologia moderna está a afastar-se da imagem existente destas serem organismos passivos.

Novos estudos procuram entender muitas das suas capacidades, nomeadamente como se apercebem das circunstâncias e respondem a estímulos ambientais de forma integrada e assim conquistando para as plantas o reconhecimento que elas merecem.

A FALAR É QUE A GENTE SE ENTENDE?

Ana Morais e João Montenegro