Para além de se avisarem umas às outras sobre potenciais inimigos, as plantas também chamam os inimigos dos seus inimigos para ajudar. Ao identificarem quem as ataca pela saliva, emitem substâncias que atraem os predadores específicos dessa praga. O milho, quando atacado por lagartas, apela à vespa parasita Cotesia marginiventris, que deposita os seus ovos no interior da praga. Em breve as suas larvas consumirão a lagarta de dentro para fora. Também nos olmos e pinheiros acontece algo semelhante.
Com outros intuitos, as flores atuam como publicidade eficaz na estreita relação estabelecida com os polinizadores, utilizando as cores, os padrões e o cheiro. Para além das substâncias químicas libertadas e de campos elétricos sentidos pelas abelhas, funcionam ainda como o ouvido externo humano ao ouvirem o seu zumbido alterando os seus níveis de produção de néctar.
Mas, há mais. Acredita-se que cerca de 80% das plantas terrestres estejam ligadas em rede, graças a uma relação mutuamente benéfica entre os fungos e as raízes das plantas. Em poucas palavras, nesta relação denominada por micorrizas, as plantas têm acesso a nutrientes que os fungos absorvem do solo através de um emaranhado dos seus filamentos (micélio), enquanto os fungos recebem das plantas os hidratos de carbono que elas produzem durante a fotossíntese e que estes necessitam mas não conseguem produzir.
Para o engenheiro florestal Peter Wohlleben, as ligações que se estabelecem apresentam tal densidade, que numa colher de chá dessa terra podemos encontrar vários quilómetros desses “fios finíssimos” capazes de ligar florestas inteiras.
Outro defensor desta visão é o micologista Paul Stamets que apelida esta rede de comunicação de “internet natural”, também conhecida como “wood wide web”, numa analogia à “world wide web (www)”.
Considerando que as plantas, não só comunicam com plantas vizinhas, como também com outros organismos, aproxima da realidade o ficcionado no filme Avatar, realizado por James Cameron.
Esta rede de fungos como meio de comunicação e de troca de recursos foi comprovada por Suzanne Simard em 1997, mostrando existir uma transferência de carbono entre estes fungos, uma árvore conífera e uma bétula.
Geralmente, as plantas de maior porte, as “árvores-mãe”, transferem alguns dos seus nutrientes para plantas jovens, para que estas consigam sobreviver e desenvolver-se.