Ateneu Os Lusiadas | Page 6

Além do ideal de imitação clássica (imitatio, do latim) mostrada pelas influênicas de Homero e Virgílio, Boiardo e Ariosto, o poema busca um ideal de superação ou emulação (aemulatio, do latim), ou seja, além de citar e revitalizar os antigos, Camões busca superá-los. Leia a oitava no final da Proposição do poema, citado na abertura do capítulo. “Cessem do sábio Grego e do Troiano As navegações grandes que fizeram; Cale-se de Alexandro e de Trajano A fama das vitórias que tiveram; Que eu canto o peito ilustre Lusitano, A quem Neptuno e Marte obedeceram: Cesse tudo o que a Musa antiga canta, (= Cultura Clássica) Que outro valor mais alto se alevanta.” (= O Povo Português) Seguindo os modelos épicos clássicos, o poema está dividido em 5 partes: a Proposição, a Invocação, a Dedicatória, a Narração e o Epílogo. Proposição (C.I, 1-3) São as três estrofes iniciais citadas no início do capítulo. A Proposição é a apresentação do poema, do assunto e sua síntese. Nela o poeta condensa o espírito épico aos feitos históricos de um povo e as realizações artísticas de um poeta. Como traz o próprio texto, “Cantando espalharei por toda parte,/ Se a tanto me ajudar o engenho e arte”. A Proposição apresenta algumas características peculiares: - O ufanismo e nacionalismo buscando exaltar o valor português; - A sobrevivência do “ideal de cruzada”, ou seja, o expansionismo como missão providencial lusitana a serviço da fé católica;