Modelagem Paramétrica, Criatividade e Projeto: duas experiências com estudantes de arquitetura
arquiteto e das circunstâncias que cercam a sua
realização.
No início, o processo de projeto é incerto e
imprevisível, o problema é aberto, há muitas
variáveis sem definição, que podem conduzir a
muitos caminhos possíveis, decorrentes das
prioridades e alternativas escolhidas. Esta
situação é que Walter Reitman definiu como um
problema mal-definido. Segundo Reitman
(1965), um problema que evoca um conjunto
grande de respostas variáveis pode ser
considerado mal-definido (ill-defined, segundo o
autor) ou ambíguo, uma vez que não há muitas
restrições, e as questões estão abertas. Em
decorrência deste fato, o processo de projeto em
arquitetura deve ter uma tolerância à
ambiguidade, uma vez que há diferentes
soluções para o mesmo problema.
Diante do que foi exposto anteriormente, cabe
concluir que o processo de projeto é definido por
pequenos ciclos, análise-síntese-avaliação, de
modo não linear e imprevisível. Por ser aberto e
mal-definido, o problema pode ter múltiplas
soluções. Neste processo estão presentes
incertezas e improvisos, fazendo com que, em
muitos casos, os arquitetos procedam por
tentativa e erro. Consequentemente, nota-se a
importância do entendimento do processo, uma
vez que a maior parte das ações é circunstancial,
pois dependem do contexto da ação e na
interação entre o indivíduo (o arquiteto, ou
estudante de arquitetura), o domínio (os
conhecimentos armazenados pela área de
atuação) e o campo de atuação (formado por
todos aqueles que julgam, criticam e exercem a
profissão de arquiteto).
A seguir, serão apresentados os experimentos
realizados pelos estudantes em duas diferentes
Instituições. Cada um dos trabalhos propostos
teve como intenção a transmissão e a construção
de conhecimentos, com o firme propósito de
desenvolver habilidades e enfrentar problemas
de projeto de modo criativo, reflexivo e crítico.
5. EXPERIMENTOS REALIZADOS
Nos anos de 2010 e 2011 foram realizadas duas
experiências didáticas com alunos de 4º e 10º
semestres na Faculdade de Arquitetura e
Urbanismo da Universidade Estadual de
Campinas e da Universidade Mackenzie,
respectivamente. Na primeira, as disciplinas
envolvidas foram Informática IV e Maquete,
enquanto que na segunda foi o TFG - Trabalho
Final de Graduação.
5.1 Experiência didática 1: FAU Unicamp
Na pesquisa realizada no 2º semestre de 2010, a
proposta para os alunos da Unicamp foi produzir
uma cobertura de dupla curvatura, utilizando os
programas Rhinoceros e Paracloud. Os trinta
alunos foram divididos em dez equipes, com o
objetivo de propor uma cobertura para atender
a diferentes propósitos funcionais.
Durante o semestre, foram realizados três
trabalhos na disciplina Informática IV. O
propósito desta disciplina é utilizar modelagem
avançada de formas simples e complexas de
elementos arquitetônicos. No primeiro mês,
durante as aulas, os alunos receberam
ensinamentos de como modelar formas
regulares pelas técnicas de modelagem sólida e
de
superfícies.
Diferentes
elementos
construtivos, como paredes, painéis, portas e
janelas, foram gerados em um edifício
residencial. Este exercício introdutório permitiu
equiparar os conhecimentos que os alunos já
possuíam de outros três semestres de
Informática I, II e III.
O segundo trabalho foi iniciado na 5ª aula. Esta
experiência didática, motivo desta pesquisa, foi
realizada em cinco etapas. Na primeira etapa, os
alunos desenvolveram diferentes propostas de
coberturas curvilíneas. A fim de criar formas
complexas, uma série de exemplos na
arquitetura contemporânea foi apresentada (Fig.
1), destacando-se como as formas foram obtidas
a partir de modelagem geométrica digital. Os
edifícios
apresentados
(para
diferentes
propósitos e necessidades funcionais) serviram
para ampliar o repertório dos estudantes em
relação à arquitetura contemporânea. No
entanto, os aspectos mais importantes para a
disciplina, nesta etapa, foram relativos aos
conceitos fundamentais, particularmente a
geometria baseada em superfícies regradas e
dupla curvatura, e análise da curvatura
gaussiana, subjacentes aos projetos.
GTP | Volume 6, Número 2 | São Carlos | p. 43-66 | Dezembro, 2011
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