Arquitetura Paramétrica Apostilha modelagem parametrica | Page 4

Modelagem Paramétrica, Criatividade e Projeto: duas experiências com estudantes de arquitetura com resultados não previstos a priori. Nesse sentido, a MP permite expandir, de modo ágil, o número de combinações entre as variáveis, proporcionando a obtenção de descobertas inesperadas. Entretanto, a obtenção de combinações e de variações por meio da MP exige um pensamento lógico, associativo e explícito sobre processos interativos (HARDY, 2011), o que requer disciplina, organização sobre o processo de projeto e pensamento abstrato. Assim, na presente pesquisa, procurou-se estimular os alunos a realizarem associações entre ideias contidas entre diferentes projetos conhecidos. De um modo explícito, foram incentivadas associações entre diferentes ideias tais como, entre corpo humano e edifícios, ou entre edifícios e elementos da natureza. internalizar conhecimentos e experiências, de um modo criativo, o professor deve delimitar procedimentos em sala de aula de modo a estimular a experimentação com liberdade de escolha, e sem julgamentos prévios. Como aprender com erros e acertos faz parte do processo, o professor ajudará a amparar o estudante quando necessário, tornando o aprendizado mais significativo para o aluno. É importante que o aluno sinta prazer e satisfação com aquilo que está fazendo. Mihaly Csikszentmihalyi (1997) defende a importância de tornar nossas atividades diárias em algo agradável e divertido. Experimentar é aprender se divertindo com os erros e com os resultados obtidos. Desse modo, os conhecimentos e regras de uma disciplina podem ser incorporados na formação do aluno de modo consistente e duradouro. Do ponto de vista do ensino-aprendizagem, é importante destacar que para o estudante 4. ENSINO-APRENDIZAGEM E O PROCESSO DE PROJETO Muitos educadores reclamam que não é possível ensinar o conteúdo tradicional básico da disciplina e, ao mesmo tempo, introduzir um pensamento criativo e crítico. De fato se pensarmos que a carga horária é restrita e que criatividade e reflexão não cabem dentro do escopo da graduação, o problema parece insolúvel. No entanto, pode-se argumentar que o debate é de outra natureza. Na realidade, a verdadeira discussão de muitos educadores reside na dúvida de ministrar um curso com método tradicional, baseado na transmissão de conteúdos, ou inovador, abalizado pelo pensamento criativo e crítico. No primeiro método o curso está baseado em conteúdos e matérias sedimentados, enquanto que no segundo está a promoção de novos conhecimentos e da reflexão crítica. A diferença não é apenas quantitativa é, sobretudo, qualitativa, uma vez que formar alunos com conhecimentos consolidados pela prática profissional é muito pouco diante das aceleradas transformações da sociedade atual. Em uma sociedade competitiva, onde a capacidade de se atualizar e renovar conhecimentos se torna cada vez mais importante, o método inovador (ou provocador), que envolve um pensamento crítico e criativo, é cada vez mais necessário. Na realidade, a aquisição de conhecimentos deve se dar tanto pela transmissão como pela reflexão, fazendo com que o pensamento criativo e o crítico sejam indissociáveis. No caso da arquitetura, o processo de projeto exige alternâncias constantes entre o pensamento divergente e o pensamento convergente. No primeiro se produz ideias, no segundo se seleciona e julga. O primeiro envolve pensamento criativo, enquanto que o segundo envolve pensamento crítico. Esta alternância entre geração de novas ideias dentro de um quadro mais abrangente, com liberdade, se contrapõe ao outro momento, onde se reúne a informação mais significativa, e se julga com rigor e discernimento crítico. Estes dois pensamentos se complementam, pois enquanto um abre possibilidades e analisa, o outro condensa, sintetiza e avalia. Ambos dependem da aquisição e da recuperação de conhecimentos armazenados na memória. Portanto, o ensino de projeto, e disciplinas práticas, não podem apenas privilegiar a repetição de exercícios e de tarefas que restrinjam a atividade a uma mera solução de um problema conhecido, ao contrário, deve incorporar problemas desconhecidos, que exigem investigação e reflexão crítica. Diante deste quadro, pode-se afirmar que o processo de ensino-aprendizagem requer uma relação equilibrada entre o ensino, isto é, a transmissão de conhecimentos e conteúdos consolidados e maduros por parte do professor, assim como a aprendizagem do aluno, por meio da construção e da busca de novos conhecimentos e de novas habilidades. Para tanto, esta experiência didática, realizada pelo autor, está alicerçada em quatro pressupostos. O primeiro é que a qualidade deste processo depende fundamentalmente do ambiente de trabalho, sobretudo nas atitudes adotadas pelos professores na relação com os estudantes em sala de aula. O segundo é que a experimentação e a variabilidade de soluções são essenciais para testar diferentes pontos de vista sobre o mesmo GTP | Volume 6, Número 2 | São Carlos | p. 43-66 | Dezembro, 2011 46