Arquitetura Paramétrica Apostilha modelagem parametrica | Page 13

Modelagem Paramétrica, Criatividade e Projeto: duas experiências com estudantes de arquitetura Figura 10 - Resultados obtidos durante as etapas do processo. Fonte: Autor: 2010. É importante destacar que a persistência e o empenho dos alunos para enfrentar os vários obstáculos, que surgiram durante todo o processo, só ocorreram porque eles estavam motivados intrinsecamente. A primeira dificuldade foi a de obter resultados diferentes a partir de diversos tipos de papéis. Isso ocorreu porque a cortadora a laser não foi configurada adequadamente para quatro equipes, pois elas não escolheram o papel duplex branco que as outras seis equipes utilizaram. Ao escolher outros tipos de papel, como o craft, triplex ou de maior espessura, por algum descuido, a máquina não foi configurada com a potência e velocidade adequada, obrigando os alunos a enviarem novamente o arquivo ou, pior, a completar o corte à mão, com pequenos reparos. Outra dificuldade foi que as vigas de encaixe macho e fêmea variaram de curvatura, oscilando de um lado para outro, dificultando a montagem na aula de maquete. Isso ocorreu em quatro equipes, pois embora as superfícies fossem adequadas do ponto de vista da curvatura, o espaçamento das peças da estrutura não foram bem planejados, ocasionando curvaturas indesejadas, que dificultaram a montagem. Neste caso, os estudantes refizeram a estrutura, com maior espaçamento e montaram novamente outro modelo físico. Os variados recursos utilizados, assim como a exploração de quatro diferentes espaços de trabalho (Maquetaria, atelier e LAPAC para disciplina de Maquete; e Laboratório de Informática e LAPAC para disciplina de Informática) estimularam os alunos, uma vez que os ambientes possibilitaram diferentes ritmos e formas de interação. Concluímos que as habilidades desenvolvidas durante o fazer manual permitem expressar diferentes ações cognitivas, pois incorporam simultaneamente a visão e o tato durante o pensar-fazer. Durante a produção de modelos físicos, essa combinação dos sentidos torna-se um modo mais natural de assimilar e apreender o espaço que está sendo concebido. Nesse sentido, o modelo físico permite utilizar a mão em duas direções: em parte para efetuar uma tarefa, em parte para investigar possibilidades criativas. O modelo físico é mais tangível porque envolve mais de um sentido, propiciando uma percepção mais profunda e crível. O modelo físico é mais do que um artefato artesanal; é uma forma de explorar manualmente possibilidades e descobertas inesperadas. A destreza e a competência de realizar rapidamente algo manualmente permitem explorar novas ideias durante sua execução. Por outro lado, as novas tecnologias digitais facilitam a execução de ações repetitivas, processam e combinam grandes quantidades de dados complexos, acelerando e dinamizando o processo de experimentação, de comparação e de seleção das melhores alternativas. No meio digital, pode-se testar mais, pois não há o contato irreversível da matéria. Portanto, essa complementação manual-digital é primordial na prática de projeto. A compreensão pelo toque é imprescindível para a plena compreensão da posição de objetos no espaço. Embora o meio digital seja excelente para racionalizar formas de grande complexidade, o meio físico é ainda aquele onde percebemos a realidade física com maior intensidade (FLORIO; TAGLIARI, 2008). Modelos físicos e protótipos rápidos ajudam estudantes e GTP | Volume 6, Número 2 | São Carlos | p. 43-66 | Dezembro, 2011 55