Modelagem Paramétrica, Criatividade e Projeto: duas experiências com estudantes de arquitetura
Figura 10 - Resultados obtidos durante as etapas do processo. Fonte: Autor: 2010.
É importante destacar que a persistência e o
empenho dos alunos para enfrentar os vários
obstáculos, que surgiram durante todo o
processo, só ocorreram porque eles estavam
motivados
intrinsecamente.
A
primeira
dificuldade foi a de obter resultados diferentes a
partir de diversos tipos de papéis. Isso ocorreu
porque a cortadora a laser não foi configurada
adequadamente para quatro equipes, pois elas
não escolheram o papel duplex branco que as
outras seis equipes utilizaram. Ao escolher
outros tipos de papel, como o craft, triplex ou de
maior espessura, por algum descuido, a máquina
não foi configurada com a potência e velocidade
adequada, obrigando os alunos a enviarem
novamente o arquivo ou, pior, a completar o
corte à mão, com pequenos reparos.
Outra dificuldade foi que as vigas de encaixe
macho e fêmea variaram de curvatura, oscilando
de um lado para outro, dificultando a montagem
na aula de maquete. Isso ocorreu em quatro
equipes, pois embora as superfícies fossem
adequadas do ponto de vista da curvatura, o
espaçamento das peças da estrutura não foram
bem planejados, ocasionando curvaturas
indesejadas, que dificultaram a montagem. Neste
caso, os estudantes refizeram a estrutura, com
maior espaçamento e montaram novamente
outro modelo físico.
Os variados recursos utilizados, assim como a
exploração de quatro diferentes espaços de
trabalho (Maquetaria, atelier e LAPAC para
disciplina de Maquete; e Laboratório de
Informática e LAPAC para disciplina de
Informática) estimularam os alunos, uma vez
que os ambientes possibilitaram diferentes
ritmos e formas de interação.
Concluímos que as habilidades desenvolvidas
durante o fazer manual permitem expressar
diferentes ações cognitivas, pois incorporam
simultaneamente a visão e o tato durante o
pensar-fazer. Durante a produção de modelos
físicos, essa combinação dos sentidos torna-se
um modo mais natural de assimilar e apreender
o espaço que está sendo concebido. Nesse
sentido, o modelo físico permite utilizar a mão
em duas direções: em parte para efetuar uma
tarefa, em parte para investigar possibilidades
criativas.
O modelo físico é mais tangível porque envolve
mais de um sentido, propiciando uma percepção
mais profunda e crível. O modelo físico é mais do
que um artefato artesanal; é uma forma de
explorar
manualmente
possibilidades
e
descobertas inesperadas. A destreza e a
competência de realizar rapidamente algo
manualmente permitem explorar novas ideias
durante sua execução. Por outro lado, as novas
tecnologias digitais facilitam a execução de ações
repetitivas, processam e combinam grandes
quantidades de dados complexos, acelerando e
dinamizando o processo de experimentação, de
comparação e de seleção das melhores
alternativas. No meio digital, pode-se testar
mais, pois não há o contato irreversível da
matéria. Portanto, essa complementação
manual-digital é primordial na prática de
projeto.
A compreensão pelo toque é imprescindível para
a plena compreensão da posição de objetos no
espaço. Embora o meio digital seja excelente
para
racionalizar
formas
de
grande
complexidade, o meio físico é ainda aquele onde
percebemos a realidade física com maior
intensidade (FLORIO; TAGLIARI, 2008). Modelos
físicos e protótipos rápidos ajudam estudantes e
GTP | Volume 6, Número 2 | São Carlos | p. 43-66 | Dezembro, 2011
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