Arquitetura Paramétrica Apostilha modelagem parametrica | Seite 14

Modelagem Paramétrica, Criatividade e Projeto: duas experiências com estudantes de arquitetura profissionais a experimentar visual e tatilmente o espaço real reduzido, reconhecer elementos e suas características, inter-relações e seqüências espaciais. O contato físico através do tato permite sentir, analisar e julgar aspectos que a visão, à distância, não permite. Consequentemente, o senso de orientação espacial se torna mais fácil porque é possível manipular na realidade aquilo que o conhecimento à distância não oferece. Os experimentos realizados contribuíram para que os estudantes se conscientizassem sobre algumas implicações decorrentes da elaboração de formas complexas. Atualmente, a facilidade de gerar formas inusitadas por meio de recursos computacionais tem fascinado os estudantes, particularmente projetos mais ousados. As experiências didáticas realizadas tiveram o firme propósito de incentivar um aprendizado único e intransferível a partir da modelagem de formas complexas. Contudo, para enfrentar este desafio, teve-se que alertar sobre a importância do conceito, da geometria, das implicações técnicas- construtivas e materiais empregados na sua materialização. Nesse sentido, os modelos físicos foram extremamente eficazes nesta compreensão, pois permitiram sentir pela visão e pelo tato as relações espaciais entre os elementos modelados no espaço tridimensional, e, sobretudo, entender a complementaridade entre modelos físicos e digitais na concepção de formas complexas. Além disso, os conceitos sobre parametrização, que foram abordados, permitiram despertar o interesse dos alunos sobre o processo criativo, com descobertas inesperadas advindas da manipulação de parâmetros. O trabalho colaborativo se mostrou produtivo, pois uns ajudaram os outros, compartilhando conhecimentos e habilidades. A experimentação e a necessidade de improvisação promoveram um aprendizado único e intransferível a cada participante. Embora os modelos digitais mostrassem uma clara definição geométrica de seus elementos constituintes, e os encaixes se mostrassem perfeitos para a montagem, as superfícies desdobradas, assim como as vigas macho-fêmeas possuíam dupla curvatura. Os alunos entenderam que embora a construção do modelo físico se tornou possível, o mesmo não ocorreria na situação de construção real, com materiais não flexíveis (como os papéis utilizados), uma vez que determinadas geometrias possuíam dupla curvatura, e não possuíam flexibilidade de adaptação na realidade da construção. O aprendizado decorrente deste trabalho foi intenso. O clima de improviso foi estimulante, pois se tratava de uma experiência nova, tanto para o professor como para o estudante. Embora tivéssemos um roteiro para as etapas de trabalho, foram surgindo problemas imprevistos durante ações situadas em diferentes contextos, que estimularam a capacidade de procurar caminhos alternativos, tanto por parte do orientador, como por parte dos estudantes. Durante a execução foi necessário repensar o processo. Desde o início os alunos foram alertados que a avaliação seria pelo processo como um todo e não pelo resultado final. Assim, sem a pressão de obter êxito total e sem a obrigação de entregar um trabalho final “correto” e “perfeito”, os alunos se empenharam para superar a si próprios, fazendo diferentes tentativas até obter uma solução que lhes parecia aceitável. 5.2 Experiência Mackenzie didática 2: FAU A proposta de criar um workshop para alunos do último ano do Curso de Arquitetura surgiu a partir do pressuposto que eles teriam uma tripla motivação: primeiro porque poderiam aprender algo novo, baseado em novas tecnologias; segundo porque poderia ter uma aplicação imediata em seus próprios projetos; terceiro porque a participação foi voluntária, sem um compromisso de entregar um “produto acabado” para ser “julgado” pelo professor. Assim, criou- se um ambiente favorável ao aprendizado, com liberdade e livre de pressões. No 1º semestre de 2011, a proposta para os alunos do Mackenzie foi produzir alternativas para coberturas formadas por dobraduras, utilizando o programa Rhinoceros e o plug-in Grasshopper. Dez alunos foram selecionados para participar de um workshop durante uma semana, com carga horária de 30 horas (seis horas por dia, três horas de manhã, e três à tarde). Os alunos trabalharam em duplas, de modo que ao final obtivessem cinco diferentes propostas de coberturas paramétricas. Por se tratar de alunos do final do Curso de Graduação, a intenção foi fornecer subsídios para encorajá- los a testar a MP como um meio de investigação de propostas arquitetônicas. Assim, sem um programa de necessidades para um uso específico, os alunos tiveram oportunidade de se familiarizar com estes recursos. No primeiro dia do workshop os alunos tiveram contato com alguns algoritmos simples, de modo a entender o encadeamento sequencial, lógico e explícito entre comandos, funções e parâmetros. No segundo dia propuseram, ainda de um modo não tão sistematizado, uma cobertura a partir da definição de pontos, linhas e planos no espaço, nas direções x, y e z. Este processo inicial foi importante, pois os estudantes perceberam o GTP | Volume 6, Número 2 | São Carlos | p. 43-66 | Dezembro, 2011 56