Arquitetura Paramétrica Apostilha modelagem parametrica | Page 12

Modelagem Paramétrica, Criatividade e Projeto: duas experiências com estudantes de arquitetura a finalização da montagem da estrutura, foram sobrepostas as faixas de módulos transversais sobre a estrutura. Os vincos entre um módulo e outro, realizado pela cortadora a laser, facilitou o manuseio das dobras dos módulos sobre a superfície. As fotos da montagem (Fig. 9) mostram que as equipes tiveram alguns problemas simples durante a montagem. Algumas vigas, particularmente aquelas mais compridas, se romperam durante o manuseio, devido à fragilidade ocasionada pelas reentrâncias dos encaixes. As superfícies curvilíneas mais complexas, com mudanças mais abruptas de direção, ocasionaram dificuldades durante a sobreposição das faixas de módulos. Discussão sobre os resultados obtidos no experimento realizado na FAU Unicamp Os exercícios realizados pelos estudantes durante as disciplinas de Informática e de Maquete começaram com problemas bem- definidos, com claras restrições e encaminhamentos de soluções e terminaram com problemas mal-definidos, exigindo dos estudantes uma postura mais crítica e participativa, desde a definição do problema até as possíveis soluções. O primeiro exercício de Informática e de Maquete tratou de modelos digitais e físicos com formas de geometria regular. Na seqüência os alunos representaram um mesmo projeto de arquitetura, por meio de um modelo físico e um digital. A intenção foi apontar a complementaridade na compreensão dos espaços projetados, explorando o que há de melhor nas duas técnicas de representação. Já no terceiro exercício explorou-se a complexidade das formas orgânicas. A experiência na Unicamp integrou as disciplinas de Informática e de Maquete. Foram constatados alguns fatos importantes para o ensino de ambas as disciplinas. A primeira constatação é que os estudantes ainda apresentam dificuldades para geometrizar superfícies orgânicas, sem uma forma definida. As superfícies curvilíneas parecem confundir a percepção e localização dos componentes no espaço, dificultando a plena compreensão espacial daquilo que está sendo gerado. A segunda constatação é que, durante a montagem dos modelos físicos, os estudantes mostraram-se surpresos com algumas das características dos modelos obtidos. Em primeiro lugar, a escala 1:100 os surpreendeu, uma vez que eles achavam que alguns componentes eram maiores do que aquilo que viram na tela do monitor de vídeo. Em segundo lugar, os estudantes se conscientizaram da importância dos modelos físicos como um meio complementar fundamental para a plena compreensão da materialidade da arquitetura. A terceira constatação é que os resultados obtidos proporcionaram a sensação de êxito diante do desafio de criar e produzir algo de seu interesse. A motivação e a autoconfiança aumentaram de modo significativo, pois eles perceberam que este exercício possui um potencial de aplicação direta em suas atividades projetuais. Parece que os estudantes entenderam que os meios de expressão e de representação estão intimamente relacionados com o processo de projeto. Constatamos que alguns problemas gerados durante a montagem do modelo físico ocorreram justamente nas equipes que insistiram na proposta inicial, mesmo sabendo que a excessiva curvatura gaussiana representaria problemas de execução. Neste caso, os estudantes assumiram diferentes posições para enfrentar o problema. A equipe 3, por exemplo, refez a superfície e propôs uma nova curvatura, que foi realizada com sucesso. No relatório final esta equipe fez o seguinte comentário: “Partimos para a criação de uma nova superfície e procedemos da mesma maneira que a anterior”. Parece que o trabalho motivou as equipes, que não pouparam esforços para vencer os obstáculos. Por outro lado, as equipes 2 e 6 insistiram até o final, mas não conseguiram completar, de modo satisfatório, a cobertura com os módulos. Isso ocorreu porque a espessura do papel utilizado para os módulos não assumia a dupla curvatura, obrigando os alunos a fazerem “adaptações”, com dobras e fissuras indesejadas. GTP | Volume 6, Número 2 | São Carlos | p. 43-66 | Dezembro, 2011 54