Alberto Pimentel: dossiê com pesquisa historiográfica sobre o autor. 13 de novembro de 2015. | Page 8

Alberto pimentel segundo alberto pimentel

prólogos redigidos pelo autor

Ao consultarmos a presença de Pimentel no catálogo online da archive.org, notamos que quase a totalidades dos seus romances catalogados e que apresentavam prólogos tinham estes redigidos pela pena do próprio autor.

Estes são textos importantes para pensarmos nos crité-rios literários levados em conta por Pimentel durante o processo de criação das suas obras. De forma sintetizada, podemos con-cluir que tais critérios diziam respeito à criação de um retrato apaixonado do passado - onde se incluem a juventude do au-tor e/ou a da própria pátria portuguesa. Neste último caso, tratando-se de seus romances históricos, Pimentel também mostra-se preocupado em apresentar este passado de forma fiel aos seus costumes, tradições e informações históricas (a dizer: datas, pessoas e acontecimentos marcantes para a histó-ria do país).

Quanto às memórias individuais, Rute Faro – que é uma das principais estudiosas contemporâneas do autor – analisa o vínculo memorialístico que Pimentel estabeleceu entre a cidade do Porto e seus tempos idos da juventude. Na introdução a este estudo, Faro (2005) salienta que: "diante dos dois

dois lados do espelho da memória, o presente e o passado, o autor recorda os rostos, os nomes, o sentir e o pensar de lem-branças saudosas de outro tempo.

Portanto, ao analisar as longas páginas que nos deixou, acompanharemos o autor quer pelos quadros mentais e físicos que, ao correr da pena, esboçou, quer pelos sentimentos múlti-plos e dúplices que o Porto, enquanto lugar de memória, lhe despertou" (p.2). A seguir, alguns exemplos deste correr da pena nos prólogos escritos por Pimentel:

Prólogo à 4ª edição de A porta do paraiso: chronica do reinado de D. Pedro V (Lisboa: 1900).

Neste texto, o autor esclarece que teve como objetivo criar um romance com uma representação fiel e fanta-siosa - o que não significa que não seja real - deste período grandioso da his-tória portuguesa. "Foi o primeiro ro-mance, de maiores dimensões, que se propôz tratar essa epoca, despertando a saudade mal adormecida no coração dos contemporaneos de D. Pedro V".

Há ao longo do texto um tom mar-cadamente saudosista em relação ao passado português; na conclusão, em relação ao passado do próprio autor.

"A Porta do Paraíso" (4ª ed), p. 22, 23 e 31 - archive.org.