Alberto Pimentel: dossiê com pesquisa historiográfica sobre o autor. 13 de novembro de 2015. | Page 32

com paciência e bondade.

Porém, eis um infortunio: Alvaro é “colhido pela febre amarela”. O rei foi visitá-lo - assim como igualmente fora visitar muitos outros doentes nos hospitais - e sente um forte incômodo ao ver em tamanho mau estado o amigo que viajara e por isso estivera dias atrás tão entusiasmado.

Ao tomarem conhecimento disto, João Vaz e Clarinha partem imediatamente para Lisboa. Eles entram no hospital onde se encontravam os que sofriam com a epidemia, contudo ambos podem apenas observar Alvaro de longe, por precaução para que não contraíssem a doença.

D. Pedro V toma conhecimento dos visitantes de Alcobaça e assim convoca João Vaz para uma audiência, pois deseja conversar sobre Alvaro: “seu sobrinho, sr. João, é um nobre coração” (pág 182).

Após a cura do rapaz, João Vaz, Clarinha e Alvaro regressam a Alcobaça. Contudo, com a chegada da rainha D. Estephania a Lisboa, logo o primo retorna à capital para parabenizar o rei e entregar os relatórios que redigira enquanto viajava pela Europa.

D. Estephania pede que João e Clarinha venham visi-tá-la. Ambos partem para Lisboa, atrás da rainha e do primo Alvaro. Clarinha, devota à religião, acaba revelando que pre-tende ir para um convento. O destino causa-lhes mais um infortúnio: D. Estephania morre. Morta, a rainha recebe os

"Eu estou vendo o que se passa no espírito do letor. (...) O destino é a lei mysteriosa que rege a vida; o iman occulto que attrae as almas ao abysmo ou à felicidade" (p. 227).

sacramentos e deixa o país - e principalmente o rei - de luto, desfalecidos.

A despedida de Clarinha ao entrar no convento:

"- Adeus, meu tio. (...) Ella ia a dizer ainda esta doce palabra, que exprime todas as angustias da separação, 'adeus', breve poema d'uma londa dôr, e cortou-se-lhe a voz na garganta e viram-n'a quasi a desfallecer a porteira e algumas criadas que estavam na portaria".

(p. 224)

"A porta do paraíso" (1900), p. 129 - archive.org

Em Lisboa, o curso de Letras é criado dias antes do falecimento da rainha. Alvaro Vaz quer ser o estudante mais aplicado e distinto deste curso, em parte para agradar o rei, em parte porque o conhecimento realmente é um prazer para ele.