Alberto Pimentel: dossiê com pesquisa historiográfica sobre o autor. 13 de novembro de 2015. | Page 27

tempo em que envolve o leitor com uma história de amor virtuosa entre dois primos. O sofrimento de Clarinha e a dúvi-da se ela e seu primo Álvaro por quem é apaixonada ficarão juntos só são resolvidos no final do livro, pois ao longo do romance só temos conhecimento dos empecilhos para a realização deste amor: a falta de espaço no coração de Alvaro para Clarinha, por conta de sua paixão igualmente virtuosa pelas letras, sua ida para o exterior e a ida de Clarinha para o convento. No século XIX, o público em geral gostava desse tipo de enredo, com o qual é possível se envolver até a última frase impressa, torcendo para que a história de amor se concre-tizasse. Paralelamente, para a crítica literária mais erudita, Pimentel preocupa-se com a apresentação de uma temática histórica grandiosa em relação ao passado e fiel ao período da história portuguesa que é então retratada. Também há de maneira dispersa citações de poemas em francês e de "A Divina Comédia" de Dante no italiano original..

SONHADORES, VISIONÁRIO, EXCESSIVAMENTE FANTASIOSOS

E VERDADEIROS: AS PERSONAGENS PRINCIPAIS

"A porta do paraíso" (1900), p. 16 - archive.org

"A porta do paraíso" (1900), p. 23 - archive.org

Álvaro Vaz é um homem apaixonado pe-las Letras e pela Ciência. Aos 12 anos saiu de Alcobaça, onde morava com o tio e a prima, com o intuito de seguir seus sonhos e estudar em Lisboa. Ao regressar à província, então com 18 anos, mostrava-se um jovem muito culto, que só tinha tempo e disposição para amar os livros e o saber. Mas o que ele não sabia era que tanto Alcobaça quanto o coração guardavam-lhe outro amor...

"A porta do paraíso" (1900), p. 9 - archive.org

Clarinha é prima de Alvaro Vaz. Moça de coração muito nobre, gentil, dócil e inocente, ela é órfã, e com o dinheiro herdado dos pais sustenta o tio e Alvaro na bucólica casa em Alcobaça. Clarinha esforça-se a aprender as letras, pois quer ler os versos do primo tão amado. Ensinamentos da razão à parte, a Álvaro Clarinha tem muito a ensinar no que diz respeito ao coração.

"A porta do paraíso" (1900), p. 33 - archive.org