Alberto Pimentel: dossiê com pesquisa historiográfica sobre o autor. 13 de novembro de 2015. | Page 28

D. Pedro V é um rei de coração muito nobre e altruísta. Assim como Alvaro, é apaixonado pelo conhecimento e pela arte, e sua maior ambição é melhorar a educação de Portugal. Ele preza pelo bem de toso os portugueses, ao mesmo tempo que sonha em criar o primeiro curso de Letras do país. Para isso conta com o apoio do jovem de grande inteligência vindo de Alcobaça, com notável cora-gem e paixões. Na imagem à esquerda, o rei visita os doentes com febre amarela no hospital de Lisboa e pega-lhes na mão, consolando suas dores e medos. Por razões inerentes ao destino, o rei torna-se um

João Vaz é o tio que cuida de Clarinha e Alvaro. Ele é um camponês de coração muito nobre, que tudo o que mais quer na vida é ver Clarinha e Alvaro alegres. Também nutre o desejo de ver os primos casarem-se. Assim, insinstentemente pede a Álvaro que “tome jeito”, deixe os estudos um pouco de lado e dedique mais seu tempo à prima Clarinha. Certa vez, ao perceber Clarinha me-lancólica, João tenta consolá-la dizendo: "eu bem te entendo a tristeza, Clarinha. bem sei que amas teu primo, e que o doido do rapaz te tropa pelos livros" (p. 29). É um homem símples e devotado a Deus, à religião e ao cuidado dos primos.

"A porta do paraíso" (1900), p. 177 - archive.org

verdadeiro santo, deixando saudades e lágrimas ao povo que tanto amou e que por ele foi igualmente amado. Na história portuguesa, D. Pedro V governara o país de novembro de 1853 a novembro de 1861. Ainda hoje, é realmente lembrado pela criação do Curso Supe-rior de Letras em Lisboa no ano de 1859. Era sobrinho de D. Pedro II, então imperador do Brasil. Morreu no dia 11 de novembro de 1861, vítima da febre amarela.

"A porta do paraíso" (1900), p. 161 - archive.org

Retratos de "El-Rei D. Pedro V" e "Rainha D. Estephania" em "A porta do paraíso" (1900), p. 20 - archive.org

Todos os personagens deste romance possuem uma moralidade impecável. Além dos infortúnios inerentes ao destino, esta história não apresenta vilões: todos são tementes a Deus e possuem um bom coração.

Antes de adentrar no enredo deste romance, Alberto Pimentel reserva uma página inteira à seguinte dedicatória: "Ao Ex.mo Sr. Bento de Freitas Soares, actual governador civil do Porto (1873): bacharel formado em medicina pela universidade de Coimbra, antigo deputado da nação, do conselho de sua magestade fidelíssima, ginatário da ordem Rosa do Brasil, gran-officual da Coroa de Itália, etc" (p. 14). Isto só reforça a estreita relação estabelecida entre o autor e a cidade do Porto - como fora mencionada e descrita com frequência nas páginas anteriores deste dossiê.