A HISTORIA DAS MAQUINAS Março 2014 | Page 110

110 a história das máquinas O choque da globalização A abertura da economia que marcou a era Collor trouxe novos desafios ao setor industrial. Fernando Collor e George Bush discutem a abertura da economia brasielira A era de Fernando Collor foi marcada pela abertura econômica e por uma amarga continuação da década perdida. Foi um período decepcionante para o setor industrial, pois o processo de abertura pressupunha também, do lado do governo, uma série de modernizações: redução de impostos, melhoria nos portos, na legislação trabalhista, na modernização do Estado – e nada isso aconteceu. Até então muitas empresas vinham atuando num mercado protegido, sem se preocupar com a competitividade tanto em termos tecnológicos como em termos econômicos. Não foi fácil, para elas, enfrentarem os desafios diretos da concorrência externa. O choque foi menor para aquelas empresas que já vinham exportando e, conseqüentemente, enfrentando a competição dos países mais desenvolvidos. Com o governo de Fernando Collor, pode-se dizer que a filosofia do setor industrial mudou. Antes, a meta era fazer com que um produto fosse mais nacional possível, e não importava o preço final. Com a abertura, a regra agora era produzir o que tem escala e é economicamente viável da forma mais competitiva possível. Desse conjunto de critérios vai depender o conteúdo de nacionalização da produção. Resultado: passou-se a importar mais componentes e a fabricação de alguns produtos foi abandonada definitivamente. As multinacionais entraram pesado, ditando nova estratégia: o mercado global. A ordem era concentrar a produção para ganhar em escala. Nesse quadro, ao longo da década de 1990 ocorreu aumento da participação estrangeira no setor de máquinas e equipamentos brasileiro. Em 1997, ela correspondia a 42% da receita operacional líquida do setor. Em quase todos os ramos da indústria de bens de capital instalada no país, exceto máquinas-ferramenta, a liderança nos anos 1990 cabia a empresas multinacionais. Elas predominavam no segmento de bens de capital feitos sob encomenda. As estrangeiras se aproveitavam de vantagens como disponibilidade de matéria-prima e mãode-obra barata para produzir aqui. Em geral, as companhias escolhiam o Brasil como base produtiva para atender também ao mercado sul-americano. Assim, parte da cadeia produtiva brasileira de bens de capital foi internacionalizada na década de 1990. Entre as principais razões está a ausência, no país, de escala de produção para alguns componentes, principalmente aqueles tecnologicamente sofisticados. Com elos no exterior, o setor viu os custos nesse período passarem a depender, cada vez mais, do comportamento da taxa de câmbio – algumas empresas aqui instaladas importavam entre 30% e 40% de insumos.