13 A Capitolina
folhetos são eficazes, justificando que os versos são escritos de maneira a facilitar as sessões coletivas de leitura em voz alta, o que traz a mediação.
A literatura de folhetos produzida no Nordeste brasileiro desde o final do século XIX coloca homens e mulheres pobres na posição de autores, leitores, editores e críticos de composições poéticas.
Em geral, associam-se esses papéis a pessoas da elite — se não financeira, ao menos intelectual —, mas, no caso dos folhetos, gente com pouca ou nenhuma instrução formal envolve-se intensamente com o mundo das letras, seja produzindo e vendendo folhetos, seja compondo e analisando versos, seja lendo e ouvindo narrativas. O sucesso dos folhetos deve-se a um conjunto de fatores, entre os quais se destaca a forte relação com a oralidade mantida por essas composições. (ABREU, MÁRCIA, 2004, on line)
O leque da Literatura de Cordel é tão extenso que a partir de uma aparentemente simples roda de amigos ao fim do dia para ouvir histórias rimadas, cantadas, declamadas ou recitadas (um verdadeiro sarau), surge a possibilidade de formar-se deste ponto autores, leitores, editores e críticos de composições poéticas, pois brota aí um envolvimento tão profundo e valoroso com o mundo das letras que as barreiras da falta de uma maior instrução intelectual são rompidas para o portal do conhecimento. Percebe-se com clareza que uma literatura relativamente simples como a de cordel, pode sim influenciar grandiosamente, quem sabe, imensuravelmente de maneira positiva no quesito incentivo à leitura.
Rasgar as amarras do preconceito faz parte da construção da educação, e é rompendo com o óbvio modelo de ensino de leitura que surge a “figura” da Literatura de Cordel na sala de aula como incentivo à leitura, em um mundo cada vez menor e alunos cercados de tecnologia, faz-se necessário lançar mão de artifícios para atrair a atenção dos alunos para a leitura, visando a necessidade de promover o desenvolvimento pelo prazer de ler, insitando-os a ter uma aproximação maior com os livros, usando o Cordel como ponto de partida para causar interesse pela busca de novos tipos literários.
Nesse contexto de trocas materiais e culturais, de busca pela informação e posterior utilização desta para construção do conhecimento, a linguagem se inscreve como sistema mediador de todos os discursos. Em função dessa potencialidade de mediar nossa ação sobre o mundo (declarando e negociando), de levar outros a agir (persuadindo), de construir mundos possíveis (representando e avaliando), aumenta a necessidade e a relevância de novas práticas educacionais relativas ao uso de diferentes gêneros textos e aos requisitos de um letramento adequado ao contexto atual (MEURER; MOTTA-ROTH, 2002, p. 10).
Atrelado a uma boa leitura está a boa interpretação, boa escrita e facilidade em se expressar oralmente, o trabalho de leitura precisa ser incentivado e exercitado continuamente para que possa tornar-se concreto.
Interpretar é atribuir, explicar sentido, ao passo que compreender é saber como produzir sentido, é perceber as intenções. Ao considerarmos o sujeito inserido em formações discursivas que são determinadas sócio historicamente, entendemos que sujeito e sentido se constituem reciprocamente. Assim, para interpretar e compreender, acionamos outros discursos, buscamos outras vozes, contamos com outros textos, mobilizamos diferentes posições ideológicas, conhecemos diferentes gêneros textuais. O que estamos defendendo é que ler não se resume a decodificar e buscar informações. (CRISTÓVÃO; NASCIMENTO, 2006, p. 45)
A versatilidade do Cordel permite aos professores que trabalhem a transversalidade em sala auxiliando no desenvolvimento das competências da leitura, independente do componente curricular que trabalhe, pois a literatura cordeliana aborda os mais diversos temas, fazendo-se um grande parceiro para a sala de aula, dependendo apenas de planejamento para facilitar a orientação do conhecimento que será repassado aos alunos. Estreitar os laços do Cordel na sala de aula implica em mostrar o vigor cultural do Cordel como ferramenta para didática na educação.
NA SALA DE AULA