Escrituras 12
espanholas. Contudo, o primeiro folheto brasileiro, encontrado por Orígenes Lessa, é datado de 1865 e foi publicado no Recife. Escrito sobre o modelo de testamentos de animais, tão apreciados pela literatura de cordel portuguesa, ele contém alusões a acontecimentos da vida pernambucana que comprovam sua escritura brasileira. A partir de 1893, a literatura de folhetos constitui, aos poucos, um conjunto complexo e independente do sistema literário institucionalizado com seus poetas e suas editoras que, até os anos 1960, pertencem freqüentemente a poetas. Esta literatura tem suas próprias redes de comercialização (os mascates), sendo vendida nas feiras, nas estações ferroviárias e rodoviárias, e até nas ruas.
Muzart Santos narra, no trecho acima, que nos tempos coloniais os folhetos de Cordel faziam parte das expedições para a América Latina, mostrando-nos que essa arte não é apenas privilégios das colônias de Portugal, a autora narra também, a existência de documentos comprobatórios quanto ao registro de data de publicação do primeiro Cordel genuinamente Brasileiro.
Linhares (2009 on line) reflete que por toda essa linha histórica e de desenvolvimento da Literatura de Cordel, houve previsões pragmáticas e de dúvida sobre sua estabilidade em pleno século XXI, pensou-se que não resistiria em meio à era tecnológica, mas contrariando até mesmo os mais pessimistas o Cordel e os cordelistas evoluíram junto com a aplicação dos conhecimentos científicos a serviço dos antigos folhetos, cordelistas anteriormente semi-analfabetos hoje, já são doutores, e as fronteiras do preconceito com essa arte, muitas vezes classificada com subliteratura ou literatura de incultos rompeu-se, se difundindo e passando a ser respeitada, apreciada e vista como rica e original, entre todas as camadas de leitores, tornando-se inclusive, alvo de estudiosos. Para Linhares (2009 on line):
A literatura de cordel continua um expressivo meio de comunicação neste século XXI, apesar da morte, tantas vezes anunciada, ao longo dos tempos. Felizmente, enquanto expressão cultural, permanece, adaptada, reinventada, no desempenho de suas funções sociais. Informar, formar, divertir, socializar ou poetizar, conforme os diferentes temas que retrata e o enfoque abordado. Da oralidade, lá em suas origens remotas, à era tecnológica, hoje, é real a transformação e adaptação, compatível à própria evolução da humanidade.
Diante dos desafios didáticos pedagógicos, busca-se textos de fácil compreensão, para despertar nos alunos o gosto pela leitura. Neste mesmo intuito espera-se que os alunos ao terem contato com essa leitura sintam entusiasmo e busquem outras literaturas. GALVÃO (2002, on line), desenvolveu pesquisa onde constatou que “A maioria dos entrevistados destacou a leitura de folhetos como fundamental para desenvolver as competências de leitura”. Entende-se que a construção de leitores críticos e conscientes se dá em um processo lento e gradativo. O leitor iniciante através dos textos de Cordel sente-se capaz de ler e concluir a leitura, pois os mesmos oferecem essa possibilidade por serem de fácil compreensão e falam da realidade de quem os lê. Para Freire (2003) que, acreditava que a leitura do mundo começa desde a família, com o ensinamento dos pais, o contato com a natureza e com o convívio social. Essa leitura antecede o conhecimento dos signos que, a pessoa adquire na escola. A Literatura Cordeliana vem carregada de contextos históricos, fala da vida simples e difícil das pessoas, quando trabalhada em sala de aula ajudará o professor a fazer com que o aluno seja sujeito do conhecimento e se sinta parte deste conhecimento.
Galvão (2002, on line), destaca que: “Muitos estudos realizados sobre literatura de Cordel no Brasil apontam o papel dos folhetos na alfabetização de um significativo número de pessoas [...]”, essas pessoas por terem muito interesse nas histórias do Cordel viam-se inevitavelmente levadas a aprender a ler, para que soubessem o que estava escrito e poder repassar essa leitura e interpretação para as pessoas que as cercavam. Segundo Almeida (1963), os folhetos são eficazes, justificando que os versos são escritos de maneira a facilitar as sessões coletivas de leitura em voz alta, o que traz a mediação.
INCENTIVO À LEITURA