A Capitolina 7, julho 2014 | Page 14

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podendo ser falado ou cantado com o acompanhamento de instrumentos musicais e uma verdadeira platéia, mostrando com isso o valor para a mediação com o outro, à oralidade e à memorização, tratam geralmente de assuntos pertinentes a realidade vivida pelos espectadores e remete-nos ao conhecimento de outros contextos históricos, porém não há limites para a criação e delimitação desses temas podendo inclusive tratar de assuntos religiosos e lendas. Segundo Ariano Suassuna (apud,GASPAR, 2003, on line): “a literatura popular em versos do Nordeste brasileiro pode ser classificada nos seguintes ciclos: o heróico, o maravilhoso, o religioso ou moral, o satírico e o histórico”.

Não há precisão da data em que se iniciou a Literatura de Cordel, em buscas feitas encontrou-se uma grande disparidade entre as datas, uns adotam o século XII, como relata a reportagem do jornal Mundo Lusíadas, por Costa Filho de 02/Abr/2007.

" A Literatura de Cordel, vem de Portugal, começou aí por volta do século XVII, mesmo porque, a poesia é eterna, vem da alma dos poetas, dos declamadores, dos cancioneiros, e temos notícias já do século XII, quando ainda falava-se o português arcaico, de poesias que ficaram gravadas para a posterioridade, como do poeta desta data: João Rodrigues de Castelo Branco." (COSTA FILHO, 2007)

O Jornal Lendo.org de 17 abril 2009, apresenta as primeiras manifestações de Literatura de Cordel, mostrando-a como um dos primeiros núcleos da cultura mundial relatando que havia manifestações dessa literatura popular no ocidente por volta do século XII no sul da França, onde os peregrinos se encontravam, em direção à Palestina no norte da Itália, para chegar a Roma e ainda na Galícia no Santuário de Santiago.

Descrevendo que nesses encontros eram transmitidos os primeiros versos compostos de forma muito primitiva, essas histórias seguiam acompanhadas de instrumentos de música, dessa forma espalharam-se pela Europa e, posteriormente, pela América.

Retomando a pauta da incoerência cronológica, Linhares descreve a data do apogeu do Cordel em Portugal que perdura paralelamente com os românticos do século XVI ao XVIII, segundo Linhares (2006, apud, Santana, 2009, on line):

A literatura de Cordel teve sucesso, em Portugal, entre os séculos XVI e XVIII. Os textos podiam ser em verso ou prosa, não sendo invulgar trata-se de peças de teatro, e versavam sobre os mais variados temas. Encontram-se farsas, historietas, contos fantásticos, escritos de fundo histórico moralizantes, etc., não só de autores anônimos, mas também daqueles que, assim, viram a sua obra vendida a preço, como Gil Vicente e Antônio José da Silva, o Judeu. Exemplos conhecidos de literatura de Cordel são histórias de Carlos Magno e os Doze Pares de França, A princesa Magalona, histórias de João de Calais e A Donzela Teodora (LINHARES, Thelma R. S. 2006)

Linhares mostra, portanto, que essa forma de literatura podia ser apresentada em forma de teatro, e que não só os anônimos escreviam os Cordéis, mas também os grandes nomes como Gil Vicente e Antônio José da Silva, relato este que leva crer que Cordel não é uma literatura vulgar. Consagrado então na Europa e chegado no Brasil pelas mãos dos Portugueses, aos poucos foi se tornando cada vez mais popular principalmente no Nordeste e no Sul do País regiões que presentearam o mundo com grandiosos nomes nessa arte. Segundo Fonseca dos Santos (1999, on line):

A literatura de mascate, de cordel ou folhas volantes, esteve provavelmente presente no Brasil, como no resto da América Latina, desde os tempos coloniais: documentos comprovam o embarque regular de pliegos sueltos para as colônias espanholas. Contudo, o primeiro folheto brasileiro, encontrado por Orígenes Lessa, é datado de 1865 e foi publicado no Recife. Escrito sobre o modelo de testamentos de animais, tão apreciados pela literatura de cordel portuguesa, ele contém alusões a acontecimentos da vida pernambucana que comprovam sua escritura brasileira. A partir de 1893, a literatura de folhetos constitui, aos poucos, um conjunto complexo e independente do sistema literário institucionalizado com seus poetas e suas editoras que, até os anos 1960, pertencem freqüentemente a poetas. Esta literatura tem suas próprias redes de comercialização (os mascates), sendo vendida nas feiras, nas estações ferroviárias e rodoviárias, e até nas ruas.

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