A Capitolina 7, julho 2014 | Page 13

Escrituras 10

Por serem essenciais na formação escolar a leitura e a escrita merecem atenção específica dos professores das diversas áreas.

A escola deve criar um círculo virtuoso em que esses dois segmentos melhorem e ajudem na aprendizagem global do aluno. É de suma importância, não somente a leitura de materiais que se encontrem na sala de aula, é preciso ir mais longe, é preciso, como dizia Paulo Freire, uma leitura de mundo para que se possa compreender a própria realidade onde se está inserido. É por meio da leitura e da escrita que se dá acesso à grande parte da cultura humana. Mais que uma mera reprodução do som das palavras, é imprescindível compreendê.-las.

Para cumprir esse objetivo é igualmente importante lançar mão de vários meios e com eles atender aos interesses de crianças e jovens. Técnicas diversificadas entram no “vale tudo” para despertar o interesse pela leitura e consequentemente pela escrita. Dentre as mais variadas artimanhas para que o aluno sinta o prazer e adquira o hábito da leitura está a Literatura de Cordel, linguagem simples, escrita breve, realidade, esses são alguns dos atributos que envolvem, despertam e facilitam a leitura. O Cordel leva à memorização e isso está relacionado à própria compreensão do que se lê, e é sabido que só se gosta e se aprecia aquilo que se entende. Desse modo passa a existir uma verdadeira apropriação da leitura. Para Walter ONG (1982) o fato de, em uma cultura oral, as palavras estarem restritas ao som não determina apenas os modos de expressá-las, mas também os processos de pensamento e de estocagem do conhecimento.

Segundo Ana Maria de Oliveira Galvão (2002), tradicionalmente as pesquisas têm tomado a história como objeto da cultura erudita no Brasil, tendo a considerar como mediadores fundamentais para inserir os indivíduos, familiares e os grupos sociais no mundo do conhecimento, escrita, escolarização e o contato com a leitura. Sabe-se ainda, que pelo menos até as primeiras décadas do século XX, as taxas de analfabetismo chegavam a quase 70% da população com mais de 15 anos e eram muito baixos os índices de escolarização, supondo-se deste enfoque que, até recentemente, somente parte ínfima da elite cultural brasileira se relacionava com escrita, leitura, cultura e artes clássicas.

Através de estudos que mostram que as relações e mediações entre indivíduos, grupos sociais e o mundo da cultura escrita são muito mais complexas, pelos fatores históricos, econômicos, sociais, raciais e de gênero. Sendo o histórico motivado pelo processo de colonização de exploração que gerou o fator econômico de desigualdades sociais de poder aquisitivo, acarretando distinções e preconceitos raciais, adicionado ao contexto de superioridade do homem sobre a mulher.

Destacando que estes indivíduos remetidos a uma espécie de limbo na pesquisa histórica e educacional letrada inseriam-se no mundo da cultura escrita através da prática oral da socialização da escrita (Cordel).

Hoje a exemplo dos quadrinhos, tirinhas, charges, leitura visual e da música que, são instrumentos de colaboração usados fartamente em sala de aula, a Literatura de Cordel vem a facilitar o trabalho do professor no quesito incentivo à prática da leitura, sabido que a Língua Portuguesa deve ser trabalhada em um contexto harmônico para despertar o interesse pela leitura. Visto que as características do Cordel aguçam no leitor a vontade de ler mais, por serem pequenos textos, alguns até agraciados com ilustrações chamadas xilogravuras (etimologicamente, a palavra xilogravura é composta por xilon, do grego, e por grafó, também do grego xilon significa madeira e grafó é gravar ou escrever, assim, xilogravura é uma gravura feita com uma matriz de madeira, simplificando, pode-se dizer que é um processo de impressão com o uso de um carimbo de madeira) (Museu Casa da Xilogravura, 2009, on line), e de baixo custo com linguagem clara, cotidiana e tom humorístico, ricos em rimas, prezam a função poética podendo ser falado ou cantado com o acompanhamento de instrumentos musicais e uma verdadeira platéia, mostrando com isso o valor para a mediação com o outro, à oralidade e à memorização, tratam geralmente de assuntos pertinentes a realidade vivida pelos espectadores e remete-nos ao conhecimento de outros contextos históricos, porém não há limites para a criação e delimitação desses temas podendo inclusive tratar de assuntos religiosos e lendas. Segundo Ariano Suassuna (apud,GASPAR, 2003, on line): “a literatura popular em versos do Nordeste brasileiro pode ser classificada nos seguintes ciclos: o heróico, o maravilhoso, o religioso ou moral, o satírico e o histórico”.

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