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Assim , sagrado cavaleiro , como manda a tradição da cavalaria , reiniciou nosso bravo guerreiro sua jornada em busca de aventuras que estivessem à altura de sua nobre estirpe .
Ao chegar a uma encruzilhada , sem saber qual caminho seguir , soltou as rédeas do seu corcel , o qual , muito inteligente , tomou o caminho de sua cavalariça . A meiocaminho de casa , encontrou uma turma de mercadores . Desafiou-os a reconhecer os dotes de sua bela dama “ Dulcinea Del Toboso ”, os quais , por não conhecê-la , negaram-se a prestar homenagem . Dom Quixote furioso , e tomando tal negativa como uma afronta inominável , investiu de lança em riste contra um deles , mas , por sorte , seu cavalo tropeçou e o fez rolar pelo chão . Prostrado , debalde seus esforços , não conseguia levantar-se ante o peso de todos os apetrechos , adarga , lança , celada e a velha armadura . Um dos mercadores , revoltado com a chuva de desaforos gritada pelo aguerrido cavaleiro , aproveitando-se da situação quebrou-lhe a lança e com um dos pedaços deu-lhe uma surra monumental .
Caído e moído pela surra , mal conseguia se mexer , gemendo de dor , ao que um vizinho ao passar , ouvindo os lamentos aproximou-se e reconheceu o velho fazendeiro Pedro Alonso Quijana . O lavrador livrou-o da pesada armadura e colocou sobre seu burrico e as armas amarradas a Rocinante , tomando o caminho da fazenda . Dom quixote , no entanto , continuava em seu delírio de cavalaria , chamando o vizinho de Marquês de Mântua ou de Rodrigo de Narváez e dizendo-se Abindarráez ou Valdovinos , cavaleiros das histórias contadas nos livros , tal a loucura que lhe havia torcido a sanidade .
Entregue o valoroso cavaleiro aos cuidados da sua sobrinha e do pároco e do barbeiro , seus amigos , e da ama , o vizinho que o socorrera contou ao padre como o encontrara .
No dia seguinte , quando Dom Quixote ainda dormia em seu quarto , o padre , o barbeiro e a sobrinha limparam as estantes do aposento destinado a servir de biblioteca , fazendo uma grande fogueira com os livros de cavalaria encontrados e emparedaram o quarto onde estavam os livros .
Passada algumas semanas , já recuperado , o intrépido cavaleiro de La Mancha recrutou um lavrador seu vizinho , chamado Sancho Pança , para ser seu escudeiro , a quem prometeu torná-lo governador de uma ilha . O pobre homem , gordinho e baixinho montou em seu burrico para acompanhar Don Quixote em suas aventuras .
Assim , partiram na calada da noite , cavaleiro e seu escudeiro , iniciando a segunda saída do valoroso Don Quixote . Mais adiante encontraram um campo com 30 ou 40 moinhos de vento , os quais o bravo cavaleiro , em sua loucura , tomou serem gigantes , malgrado os esforços de Sancho , alertando-o que eram na verdade moinhos . Arremeteu de lança em riste , mas foi colhido por uma das pás e lançado longe cavalo e cavaleiro . Socorrido por seu escudeiro que o fez montar em seu estropiado Rocinante . Passaram a noite debaixo de uma árvore e no dia seguinte continuaram a jornada . Ao chegarem nos arredores de Puerto Lápice , toparam com alguns viajantes . À frente dois frades beneditino , montados em seus burricos , os quais Don Quixote desafiou e arremeteu contra um deles , o qual conseguiu esquivar-se e jogar-se ao chão , enquanto o outro fugia . O padre atacado também evadiu-se . O furioso cavaleiro , então , voltou-se contra uma comitiva que vinha mais atrás e trocou golpes de espada com um escudeiro que acompanhava uma senhora em um coche . Golpearam-se até que Don Quixote logrou êxito derrubando o adversário . Uma senhora que estava no coche veio acudir pedindo clemência , com o que concordou o