1964 As armas da política e a ilusão armada | Page 151
GOLPE DE ESTADO, REGIME AUTORITÁRIO
E TRANSIÇÃO DEMOCRÁTICA NO BRASIL
E NO CHILE: UMA ANÁLISE COMPARATIVA1
Alberto Aggio2
N
as primeiras paginas do seu livro sobre o golpe de Estado
de 1973, no Chile, o escritor Luiz Alberto Muniz Bandeira
menciona um encontro ocorrido em 1964, no qual ele
teve a oportunidade de conhecer Salvador Allende. Conforme sua
narrativa, Allende visitou o ex-presidente João Goulart no apartamento em que ele vivia asilado em Montevidéu para “prestar-lhe solidariedade, após o golpe de Estado ocorrido no Brasil,
naquele ano (...). Salvador Allende, um homem muito afável e
tranquilo, era então o candidato à presidência do Chile da Frente
de Acción Popular (Frap), constituída pelo Partido Socialista,
pelo Partido Comunista e por partidos menores. Mostrava-se
muito confiante na vitória. Dizia que, no Chile, as Forças Armadas eram legalistas, não intervinham na política, e que lá havia
uma tradição de estabilidade” (MONIZ BANDEIRA, 2008, p. 35).
Infelizmente, o vaticínio de Allende não se confirmou. Eleito em
1973, seu governo não chegaria ao final e, da mesma maneira que
João Goulart, ele acabou sendo vítima de um golpe de Estado,
nove anos depois daquele encontro.
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Este texto serviu de base para a exposição realizada no III Encontro de Pesquisas
em História (III EPHIS), realizado na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas
(FFCH) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em Belo Horizonte, entre
27 e 30 de maio de 2014.
Graduado em História pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da
Universidade de São Paulo (1982), onde tem mestrado (1990) e doutorado (1996);
realizou estudos na área de História da América Contemporânea na Universidade de
Valência, Espanha; é professor titular de História da Unesp/Franca e autor de mais
de uma dezena de livros, como Uma nova cultura política. Brasilia: Fundação Astrojildo Pereira, 2008.
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