100 anos da Revolução Russa PD_ESPECIAL | Page 40

Rosa Luxemburg. Esta última se inseria na 2ª Internacional de forma crítica e debateu com Kautsky e Bernstein, que eram fron- talmente contra a Revolução (como Plekhanov, na Rússia). Em seu livro A Revolução Russa, capítulo II, ela narra estas dissensões. A formulação de Kautsky era a mesma de Plekhanov: a Rússia não estava madura para a revolução e tinha que se manter no limite da derrubada do czarismo. Porém, o mais interessante, e é por isso que este texto é citado aqui, é que Rosa acusa o proletariado alemão de estar desprepa- rado para ajudar à Revolução Russa, exatamente por causa, segundo ela, das hesitações de Kautsky. Lenin atacava os socialdemocratas da II Internacional, pelo fato de terem apoiado a 1ª guerra, mas Kautsky foi pacifista, tendo inclusive fundado uma dissidência. Diz Rosa: Praticamente, esta doutrina tende a recusar a responsabilidade do proletariado internacional – o proletariado alemão em primeiro lugar – pela sorte da Revolução Russa e a negar as interferências internacionais desta revolução. A guerra e a Revolução Russa demonstraram não a imaturidade da Rússia, mas a imaturidade do proletariado alemão para cumprir sua missão histórica. Ressaltar este fato com toda a nitidez é a primeira tarefa de uma análise crítica da Revolução Russa. Os destinos da revolução na Rússia dependiam integralmente dos acontecimentos internacio- nais. Contando com a revolução mundial do proletariado, os bolcheviques deram precisamente a prova mais brilhante da sua perspicácia política, da sua fidelidade aos princípios, da audácia da sua política. Aí torna-se visível o imenso salto dado pelo desenvolvimento capitalista nos últimos dez anos. A revolução de 1905-1907 encontrou apenas um fraco eco na Europa. O outro exemplo nos serve para mostrar as sinuosidades de comportamento da média dos militantes comunistas do século 20 (inclusive do autor deste artigo): Lukács. Qual foi a posição deste nos debates citados antes sobre a continuidade da revolução? De um lado, aqueles que considera- vam a “Revolução” um mero golpe dado por uma minoria e, de outro, os que pensavam como Lenin, para quem a plataforma da Revolução – Terra, saída da guerra (Paz), Pão, Liberdade – eram exigências das massas que os bolcheviques souberam identificar e foram os únicos a prometer e cumprir. Foi esta mediação polí- 38 Ernesto Caxeiro