no consumo de carne nos EUA e o mesmo começa a ocorrer em
vários países da Europa Ocidental.
Por outro lado, uma mentalidade anti-consumista vem se
manifestando a cada dia, o que alimenta toda uma cadeia de
produtos usados (brechós, bazares, instituições de caridade etc).
Na Alemanha, por exemplo, antigos profissionais de ofícios, consi-
derados superados pelo chamado avanço tecnológico, são convo-
cados a prestar serviços como conserto e reciclagem de peças com
potencial em estado ainda de funcionamento e que antes eram
simplesmente lançados ao lixo, gerando desperdícios.
E é interessante observar que esses homens e mulheres pres-
tam tais serviços de forma voluntária, ajudando a formar mão de
obra e também incentivando condutas solidárias. Isto atinge a
própria lógica do sistema, que vive da reprodução contínua das
mercadorias. O que isto significa senão uma política de controle
de desperdícios e do lixo? Mas o tema da sustentabilidade vai
além disso, até.
Conforme destacou a profa. Tatiana Roque, em artigo publi-
cado em O Globo, é possível encontrar soluções sustentáveis para
questões aparentemente tão distantes uma das outras como a
segurança alimentar e nutritiva, a energia, e também problemas
relacionados à habitação, saúde, saneamento básico e ainda agri-
cultura familiar, envolvendo toda uma dinâmica de geração de
empregos. Aqui, chegamos a uma espécie de quarteto. Ou seja:
sustentabilidade + emprego + conhecimento + democracia estão
na base de toda e qualquer intervenção política moderna.
Convém olharmos à nossa volta. Lojas de consertos de roupas se
multiplicam, lojas comerciais oferecem vantagens para quem levar
até elas peças já usadas e vendidas por elas. Por outro lado, a crise
econômica abriu espaços para soluções compartilhadas. Um exem-
plo? Reutilização de materiais escolares. Outro? Centros religiosos,
Ongs e organizações do gênero solicitam a seus filiados guarda-
chuvas, meias velhas e roupas em geral usadas para confecção de
sacos de dormir e outros utensílios de proteção ao corpo.
Há uma revolução em marcha, silenciosa, que possui sua
própria linguagem e recusa o clichê das propostas gastas ou que
pouco sentido têm hoje em dia. Na verdade, há um mundo de elei-
tores que se vinculam a este processo e esperam ver suas deman-
das estimuladas pelas administrações centrais ou locais. Neces-
sário se faz ter consciência destas mudanças e contribuir para
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Cleia Schiavo Weyrauch