Em 2016, a Comissão de Direitos Humanos de Nova York
oficializou o reconhecimento da multiplicidade das identidades de
gênero, de forma que 31 diferentes nomenclaturas de gênero foram
reconhecidas por lá.
Esta abertura em relação às identidades de gênero vai muito
além da transexualidade, de forma que até mesmo a sigla LGBT
passou a não ser suficiente. Esse novo movimento importa na
exacerbação da subjetividade dos indivíduos, de forma que novas
categorias precisam surgir para expressar a ideia que cada indi-
víduo possui sobre si mesmo.
A afirmação de que o gênero não é binário e de que na verdade
existe um espectro de gêneros, perpetrada por algumas teóricas
feministas contemporâneas e demais membros de movimentos
progressistas, toma por consequência o entendimento de que não
existe uma quantidade numeral exata de gêneros, mas uma infi-
nidade, a depender das características e modos como cada pessoa
se sente e se apresenta.
No entanto, o fato de o gênero poder ser expresso de centenas
de formas, a depender da personalidade e dos gostos de cada
pessoa, não deve significar que existam centenas de gêneros, mas
apenas que existem centenas (milhares, ou milhões) de personali-
dades e de formas de se expressar um gênero. Ou seja, o fato de
uma mulher não se sentir à vontade com o estereótipo atribuído às
mulheres e preferir apresentar-se com características socialmente
atribuídas aos homens, não faz com que ela deixe de ser mulher e
se torne um homem, tampouco faz com que surja uma nova cate-
goria de gênero para enquadrá-la. E caso ela realmente se sinta e
se identifique como um homem, parece-me que a categoria “homem
transexual” se mostra perfeitamente adequada para enquadrá-la.
A perspectiva de criar dezenas ou centenas de gêneros é fruto
de um subjetivismo acentuado, no qual certos extratos da socie-
dade têm mergulhado de cabeça, sem pensar nas possíveis impli-
cações de tais inovações.
É preciso observar que tal permissão para o subjetivismo tem
aberto espaço para que este se insira em outras formas de expressão
pessoal, como a expressão etária, o que configura verdadeiro dispa-
rate tendo em vista que a idade é um fato biológico que não pode ser
contornado. Não é possível consentir com a ideia de que a idade seja
apenas um número que pode ser escolhido arbitrariamente.
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Renata Marim Hahon