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FOGUEIRA

DIGITAL

Elas perdem emprego, reputação, guarda dos

filhos às vezes precisam até mudar de país

devido ao apedrejamento público que sofrem

no Instagram, YouTube, Facebook e WhatsApp.

Seriam as redes sociais as fogueiras das mulheres

do século 21? Investigamos a questão para mostrar

o que motiva esse comportamento de turba que

escolhe um alvoe o ataca sem pensar

POR GABRIELA LOUREIRO

ILUSTRAÇÃO CAROL ZEFERINO

EM SETEMBRO DE 3017, a paulistana Maria Luiza Silva marcou um encontro com um rapaz que conheceu no Tinder. Recebeu-o em sua casa, jantaram, tomaram vinho e transaram. Tudo corria bem até que ele quis fazer sexo anal. Ela negou. Ele a prendeu na cama, bateu nela e a estrupou. Ela denunciou o agressor ao Ministérios Público e decidu tornar sua história pública, ema uma matéria na internet em que revelava seu nome. Tão logo foi publicada, os haters começaram a persegui-la. Primeiro foram os comentários na matéria, depois na página dela no Facebook, até que passaram a fazer montagens com sua foto e vídeos no YouTube ridicularizando Maria Luiza. "Foram milhares de mensagens atacando a mim e à minha família. Eram tantas que não dava para saber o que era uma ameaça real", diz. A avalanche de insultos era tão grande que ela não encontrou maneiras legais de coibir as agressões. Quando digitava seu nome no Google, o primeiro resultado que aparecia remetia à palavra ânus. Seus filhos, de então 6 e 10 anos, assistiram aos vídeos. Maria Luiza caiu em depressão. Para se proteger, deixou as crianças com o es-marido e mudou-se para Berlim, onde ficou por três meses na esperança de que a onda passasse. Saiu de todas as redes sociais, não contou do seu paradeiro para ninguém. Isolada e empotente, pensou em suicídio, mas foi resgatada a tempo. Começou, então, uma peregrinaçao para recomeçar a vida e com a ajuda de ativistas conseguiu tirar os vídeos do ar depois de quase um ano do ocorrido. De volta ao Brasil, passou a procurar emprego e só ouviu negativas. O problema? Seu nome segue ligado ao caso em uma simples busca no Google.

Histórias como a de Maria Luiza, que pediu pra que seu nome e profissão fossem mantidos em sigilo por motivos óbvios, são cada vez mais comuns. Diante do tribunalsem lei que instaurou nas redes sociais, reputações são destruídas em ataques virtuais de velocidades sem precendentes. Basta um influenciador tacar uma pedra para que seus seguidores o copiem e ampliem a agressão a níveis incontroláveis.

No Brasil, só no Instagram são 50 milhões de usuários - o que faz ocuparmos o segundo lugar em público, apenas perdendo para os Estados Unidos. "Por mais que as empresas de redes sociais apaguem os conteúdos, uma vez na internet, a história sempre volta", afirma Maria Luiza. Para construir a vida no Brasil, ela adotou outro sobrenome , outro telefone, outro endereço. "Foi uma morte. Precisei recomeçar do zero porque as pessoas se afastaram. Ninguém quer se uniar a algo que é publicamente negativo. Para isso contei com o apoio de uma rede de mulheres, que checava se havia comida na minha casa. Isso me emocionou.

Nessa perseguição contemporâneas, as mulheres são alvos preferenciais. Para a psicóloga Ana Luiza Mano, coordenadora do site Psicólogos da internet, há uma questão de gênero por trás dessa perseguição. "O espaço da mulher está constantemente em jogo. Como ja dizia Simone de Beauvouir, vocêprecisa estar sempre atenta porque a qualquer momento pode perder direitos que havia conquistado.

Alvo feminino