As mulheres são maioria no Brasil, representando 51,5% da população e estão mais presentes nas universidades: 57,2% dos estudantes matriculados em cursos de graduação do país são do gênero. Esses dados poderiam indicar a conquista da igualdade na ciência brasileira. Porém, ao realizar uma análise mais cuidadosa. vê-se que a situação é bem diferente. Por exemplo. 59Q o das bolsas de iniciação científica oferecidas pelo CNPq (um dos principais órgãos de fomento à pesquisa no Brasil) são destinadas a mulheres. Dos pesquisadores contemplados com financiamentos maiores. entretanto, somente 5.5% pertencem ao gênero feminino. No caso das bolsas 1A. consideradas as mais prestigiadas pelos cientistas, o índice de mulheres contempladas é de apenas 24,6%. É o efeito tesoura: o número de mulheres diminui conforme o prestígio na carreira científica aumenta. Um artigo publicado por diferentes pesquisadoras revelou como a desiguaIdade está presente na Academia Brasileira de Ciências (ABC), principal instituição da categoria no país: dos 518 membros titulares, somente 14°/o são mulheres. A sub representatividade existe em todas as áreas do conhecimento. O melhor quadro é observado nas Ciências Biológicas, em que o gênero feminino representa 25% das cadeiras.
Já o pior dos cenários ocorre nas Engenharias: o número de mulhere!, representa somente 2,5% dos pesquisadores da área na ABC. De acordo com as autoras do artigo, a maternidade é um dos fatores que acentuam o efeito tesoura, uma vez que pesquisadoras grávidas devem se afastar de seus estudos por um determinado período e, quando retornam ao trabalho, enfrentam dificuldades para que a continuidade da pesquisa seja apoiada com maiores recursos. Além disso, a principal razão para a baixa presença feminina na ABC é a forma de definição dos novos membros que ingressam na instituição. Até hoje, para tornar-se um pesquisador da Academia, é necessário ser indicado por um membro que já ocupa alguma das cadeiras. Em outras palavras: um fator que potencializa o efeito tesoura e o preconceito invisível que está presente no ambiente científico do Brasil e do mundo.
DESIGUALDADE DE GÊNERO PERSISTE NA CIÊNCIA
Estudo mostra que só 14% dos membros da Academia Brasileira de Ciências são mulheres