Mas ela quase nunca é capaz de fazer o governo se dobrar a uma demanda só da sociedade”, adverte.
Por outro lado, felizmente, há grupos se mexendo por aqui para influenciar o sistema político, e em duas frentes: a democracia deliberativa e os mandatos coletivos. Uma dessas inovações, denominada minipúblico, também conhecida como júri de cidadãos, chamou a atenção das cientistas sociais Silva Cervellini e Fernanda Império. As duas são fundadoras da Deliberativa Brasil!, organização que faz parte de uma rede mundial, a Democracy R&B, que promove, desenvolve e implementa projetos de deliberação entre cidadãos selecionados de forma aleatória. Os minipúblicos vêm ajudando a qualidade o debate e as campanhas eleitorais no estado do Oregon (EUA), a tomar decisões difíceis sobre sustentabilidade na Austrália, a aumentar o impacto da mídia na solução de crises em Ohio
da mídia na solução de crises em Ohio (EUA) e, um dos casos recentes mais emblemáticos, a qualificar aa decisão do eleitorado da Irlanda em referendo neste ano.
e, um dos casos recentes mais emblemáticos, a qualificar aa decisão do eleitorado da Irlanda em referendo neste ano.
E por que o assunto ainda é tão pouco discutido no Brasil? Medo de usar o sorteio? Medo de mais inclusão? “O assunto ainda é pouco conhecido no mundo todo”, diz a dupla Cervellini e Império. “Mas já existem iniciativas importantes e, países como EUA, Austrália, Espanha, Escócia e outras democracias ocidentais, que já geram incidência real na sociedade, como aconteceu na Irlanda.”
Já um experimento que vem sendo mais testado, inclusive no Brasil, é o das candidaturas coletivas. “O PT já experimentou algumas dessas moalidades no passado, assim anos
assim como o Partido Verde alemão nos anos 1980. Diversos partidos pelo mundo têm experimentado a alternância da vaga entre várias pessoas. No entanto, não sei de nenhuma experiência dessas que tenha sido duradoura ou tenha se expandido”, conta Ortellado.
Caio Tendolini, economista e ativista da ONG Open Democracy, é um dos criadores da Bancada Ativista, movimento fundado em 2016, que se diz pluripartidário, independente voluntário. “ Construímos uma candidatura coletiva para um deputado estadual em São Paulo composta de nove ativistas que atuam em diferentes pautas, territórios e filiações partidárias”, explica ele. “Mas, por sugestões legais, precisamos escolher um nome para urna: Monica Seixas, mulher negra, mãe solo e ativista socioambiental”, descreve.
Conheça algumas das candidaturas coletivas que surgiram nos últimos anos no país: ao elegê-las, você