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{ sala de aula } RELATO DE EXPERIÊNCIA KELCILENE GRÁCIA-RODRIGUES | PROFESSORA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL { UFMS }

Doutora em Estudos Literários pela UNESP / Araraquara. Professora Associada da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul / Campus de Três Lagoas, atuando no curso de Letras e no Programa de Pós-Graduação em Letras. Foi coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Letras( 2009-2013) e do Doutorado Interinstitucional( DINTER) em Letras, de 2013 a 2017, entre na UFMS( Instituição Receptora) e a Universidade Presbiteriana Mackenzie( Instituição Promotora). É líder do Grupo de Pesquisa Historiografia literária: recepção, crítica e ensino. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Poesia Brasileira contemporânea. Suas publicações voltam-se principalmente para os seguintes temas: Manoel de Barros, literatura brasileira, teoria literária, poesia brasileira contemporânea, metáfora e literatura de Mato Grosso do Sul. É membro da Rede de Ensino e Pesquisa em Arte, Cultura e Tecnologias Contemporâneas, Rede CO3( UnB, UFG, UFMT, UFMS, UFU, UFGD). Compõe a Diretoria da ABRALIC( Gestão 2018-2019). Atualmente, realiza Estágio Pós-Doutoral na Faculdade de Letras da Universidade do Porto( Portugal).
Construir um texto que relate uma experiência, como docente, que tenha me marcado parece fácil, mas não é. Risco aqui; rabisco ali. Passo dias selecionando, dentre os fatos de minha trajetória enquanto estudante e professora, aquele que será narrado. Ao longo de quase 20 vinte anos como professora da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, quero compartilhar a importância do profissional responsável pelo ensino, aprendizagem e formação do aluno. Aqui, exponho experiências captadas de professores que deixaram seus traços no meu desenvolvimento acadêmico, da fase inicial até a graduação.
Revivo a minha infância e reavivo a minha professora da quarta série. Lembro-me da forma como ela ensinava e, em especial, da dedicação para com seus alunos e para com a profissão que exercia. Hoje, distante no tempo, percebo que aquela professora foi além do ensinar as primeiras letras, irradiou em mim os princípios que me regem como docente: amor, dedicação e respeito à profissão escolhida e aos alunos.
Tornei-me leitora muito menina. Recordo-me das muitas, muitas e muitas vezes que li a coletânea de contos dos Irmãos Grimm, que fora comprada com muito sacrifício pelo meu pai. Ler, reler e“ transver” as histórias era a minha brincadeira predileta. Mesmo que lidas tantas vezes, sempre encontrava a magia que emanava das palavras e não se bastavam em si, por isso
eu queria ter acesso a outros livros, que me eram impossíveis na época. Nesta ânsia de leitura, comecei a ler os“ romances de bancas”: Sabrina, Bianca e Júlia. Só me foi possível lê-los porque minha mãe era leitora assídua deste tipo de livro. Penso que não era a leitura ideal para uma menina de 8 anos, mas era muito prazeroso sair dos contos de fadas e ter acesso a histórias mais reais, mesmo que no final os protagonistas“ vivessem felizes para sempre”. E lia, lia, como lia... Até que um dia, novamente, queria algo novo, que me apresentasse o desconhecido e que ampliasse a minha visão de mundo.
Os anos se passaram e comecei a ter acesso a outros livros, tais como os integrantes da coleção Vagalume: O escaravelho do diabo, A ilha perdida, Tonico; os best-sellers de J. M. Simmel, Sidney Sheldon, Harold Robbins e Agatha Christie; as obras de José de Alencar e Machado de Assis. A paixão pela leitura e, sem me dar conta, naquela época, a sedução da beleza das palavras, culminou em uma escolha feita no Ensino Médio: ser professora de Literatura.
Pesaram sobre mim os aprendizados positivos com minhas professoras, assim como me lançaram a outros mares de experiências negativas durante o Ensino Médio. Não líamos nenhum livro de Literatura, que era ensinada de maneira mecânica: início e término da escola literária, as“ características” e os principais
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