Umbanda Saravá Set. 2019 | Page 51

Eu sou Pombagira, Sou Mulher

Vocês querem saber sobre mim

Mas não sabem onde eu começo ou onde é o meu fim

De mim surge a Oração

E de mim surge a toda Criação

De mim parte a Luz

Da Luz parte o parto

E do parto nasce o ser

É da mulher que vem o seu viver

Sou geradora, Sou protetora

Sou predadora, Sou leoa

Sou menina, Sou mulher

Sou branca, Sou negra, Sou o que eu quiser

Me liberto do seu patriarcado

Faço o que quiser com meu corpo

Pois sei que isso não faz parte do pecado

Não fui criada para lavar ou passar

E mesmo assim você acredita que sou uma mulher para casar

Também sou aquela que não aceitou a condição de submissão

"Eu quero uma mulher que seja carne da minha carne" disse Adão, então

Quantos ventres vocês já queimaram na fogueira da inquisição

Isso tudo para ocultar o nosso poder e querer impor a sua decisão

Sou mulher e posso ser o que quiser

Não são seus conceitos que vão me fazer ser o que você quer

Desse sangue que você tem nojo

Ou do meu sutiã sem bojo

Eu aceito o meu corpo como ele é

Não vai ser você quem vai me ditar as regras, qual é?

Palavras nunca serão o suficiente

para explicar quem eu sou para uma mente doente

Da puta que sou eu tiro a roupa

Da fruta que sou tiro a polpa

Texto: Raphael PH Alves

Inspirado por Dona Rosa Caveira