Umbanda Saravá NOV 2019 | Page 16

“O solo sagrado que desce o orixá é

caloroso e receptivo.

É abrigo aos corações angustiados,

a coragem para os destemidos e a

sabedoria para os que buscam a

ancestralidade.”

As tradições ainda fazem parte da sua vida, ou elas deram espaço para a correria que lhe permite apenas pedir comida pelo aplicativo do celular?

“Hoje entendo o valor por detrás daquele tradicional almoço de família.

Não era a vontade de comer o meu prato favorito que me tirava da cama aos domingos, era porque quando nos reunimos o amor era servido quentinho, com direito a repetição e boas memórias de sobremesa.”

Reconhecer, valorizar e entender a sua própria história, lhe permite enxergar a história do outro com respeito, pois a forma como as tradições permeiam a vida fundamentam os nosso valores, hábitos e formas de agir, trazendo assim compreensão e respeito pela diversidade.

A importância da tradição é tamanha, que há um conjunto de leis e decretos reconhecidos inclusive pela UNESCO, que preservam as práticas das comunidades e grupos que foram recebidas pelos seus ancestrais e repassadas a seus descendentes, são esses os PATRIMÔNIOS IMATERIAIS. No Brasil existem mais de 30 práticas reconhecidas pelo IPHAN e que estão salvaguardadas pelo estado, tendo seus registros divididos nos seguintes livros:

O Terreiro de Candomblé de Santa Barbára, localizado na rua Ruiva, 90, bairro de Vila Brasilândia, guarda um dos maiores tesouros da zona norte da capital paulista, o primeiro terreiro de candomblé de nação angola da variante bantu que se tem registro, fundado pela Mãe Mam’etu Manaundê, iniciada pela famosa Nanã de Aracaju (Erundina Nobre dos Santos – 1891-1981).

Uma baiana, filha de escravizados chega em São Paulo na década de 50, abrindo seu terreiro no ano de 1962. Ainda na juventude teve que se submeter a um casamento arranjado. Para fugir do marido violento, partiu para o interior do Sergipe, onde se casou pela segunda vez e teve 24 filhos, em sua maioria adotivos. Julita Lima da Silva faleceu em 2004, com aproximadamente 97 anos (não se sabe ao certo quanto tempo depois de nascida Julita foi registrada, por isso sua idade é aproximada) tem um longo legado dentro da religião, sendo uma das sacerdotisas mais antigas dos povos tradicionais de matriz africana. Com seu falecimento, o terreiro permaneceu fechado por um período, tempo este necessário para cumprir as cerimônias fúnebres. Atualmente é dirigido pela Mãe Pulquéria.

“O solo sagrado que desce o orixá é

caloroso e receptivo.

É abrigo aos corações angustiados,

a coragem para os destemidos e a

sabedoria para os que buscam a

ancestralidade.”