UALGORITMO 3.2 Novembro 2021 November 2021 | Page 31

Glossário Linfócito T é um tipo de glóbulo branco que circula no sangue e que é responsável pela imunidade celular adaptativa
Cancro hematológico cancro de células do sangue que resulta na maior parte das vezes de alterações genéticas em glóbulos brancos ( leucócitos ) que os torna resistentes à morte e levam a uma multiplicação celular descontrolada
Alterações genéticas alterações ao nível do genoma ou ADN das células e que incluem perda ou aquisição de cromossomas e mutações da sequência genética
Microambiente conjunto de células e moléculas que se localizam num dado tecido
RANK recetor ativator do fator nuclear NF-κB ; proteína que existe à superfície de células e que , ao ligar-se ao seu ligando específico , é ativado , levando por sua vez à ativação da via de sinalização NF-κB
RANKL ligando / proteína que se liga ao recetor ativador do fator nuclear NF-κB ( RANK ), ativando-o
Proteínas secretadas proteínas exportadas de dentro das células para fora destas
Imunofluorescência técnica de deteção de proteínas através de anticorpos específicos para essas proteínas ligados a moléculas fluorescentes
Citometria de fluxo técnica baseada na circulação de células individuais por um microtubo capilar diante de um laser e deteção de fluorescência emitida pelas células
A leucemia linfoblástica aguda de linfócitos T ( LLA-T ) é um cancro hematológico que afeta essencialmente crianças e adultos jovens e é fatal quando diagnosticado tardiamente ou deixado sem tratamento . Esta doença maligna tem origem em células imaturas precursoras dos linfócitos T que sofrem um bloqueio da diferenciação e entram em multiplicação descontrolada . Estas disseminam-se então pela corrente sanguínea e invadem a medula óssea e vários órgãos como o baço , fígado , gânglios linfáticos e , por vezes , o cérebro . Apesar das altas taxas de sucesso obtidas pela quimioterapia , vários problemas clínicos persistem , tais como sequelas associadas aos tratamentos intensivos . Logo , a identificação de moléculas que possam ser novos alvos terapêuticos mais específicos e com menos efeitos secundários constitui um objetivo prioritário .
Apesar de se conhecerem várias alterações genéticas na origem da doença , acredita-se que a interação das células malignas com células normais do microambiente onde aquelas se desenvolvem , modificam-no de modo a favorecer a expansão e propagação da doença . Esta comunicação intercelular decorre da interação entre proteínas recetoras existentes à superfície de uma célula ( como o RANK ) e os seus ligandos , proteínas existentes à superfície de ou proteínas secretadas por outra célula ( como o RANKL ). Neste contexto , o eixo RANKL / RANK foi anteriormente implicado na comunicação entre células de cancro e células normais do microambiente . Animais experimentais servem como modelos para estudar os mecanismos e tratamentos de doenças humanas quando tal não pode ser realizado em pacientes devido a questões éticas . Nestes casos , os murganhos ( Mus musculus ), vulgarmente designados ratinhos de laboratório , constituem excelentes modelos , pois sendo mamíferos são parecidos aos humanos em termos genómicos , fisiológicos e anatómicos . Murganhos transgénicos podem ser criados através da introdução de genes manipulados no seu ADN resultando em alterações moleculares semelhantes às encontradas em doenças humanas . No caso particular da LLA-T , recorremos a murganhos transgénicos TEL-JAK2 nos quais foi introduzido no seu genoma um gene aberrante resultante da fusão de dois genes distintos , TEL e JAK2 . Estes animais desenvolvem leucemia muito semelhante à LLA-T humana ( Fig . 1 ). Este trabalho teve então o objetivo de investigar se o eixo de comunicação RANKL / RANK poderá estar envolvido no desenvolvimento de LLA-T usando este modelo animal .
A proteína RANKL está altamente expressa nas células malignas do murganho transgénico
Utilizando imunofluorescência por citometria de fluxo , 29