OUTROS RUMOS
ESPECIAL VERÃO
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12 DE JULHO DE 2005
A Madeira é Laurissilva
Para além de atracção turística, a floresta é também essencial para a vida na ilha
D.R.
Capaz de ter as quatro
estações do ano num só
dia, não é à toa que a
Madeira é conhecida
como a “pérola do
Atlântico”
José Manuel Camacho
Falácias: “A Madeira é um jar-
dim”, “a Madeira é o Jardim”. Se
alguém pensa que a paisagem está
pintalgada de flores coloridas por
todo o lado está enganado.
As plantinhas estão é condicio-
nadas territorialmente dentro de es-
tufas que depois vão parar aos bal -
d es das vendedeiras com trajes
folclóricos no mercado ou numa
das ruas da capital.
A visão de flores endémicas faz-
–se mas é através de jardins de ín -
dole pessoal, públicos, no Jardim
Botânico ou nas quintas, construí -
das pelos mercadores ingleses em
meados do século XIX, que enri -
queceram com a venda do vinho.
Ou seja, tudo controlado pela mão
humana. De resto, o que se vê mais
à beira das estradas que cortam o
interior da ilha são as hortênsias,
flores de cor azul.
Reduzir a identidade de um lugar
ao nome de um político é estupi-
dez. De tanto utilizar o cliché até
parece que é só na Madeira que
acontecem ca(s)os de repetição de
cargos políticos. Marco de Canave-
zes não é só Avelino Ferreira Torres
ou Braga é só Mesquita Machado.
A idiossincracia nacional na hora
de votar é que permite que eles fi-
xem as suas raízes na terra, quais
árvores centenárias. Na paisagem
madeirense, o que realmente é a
ilha é a floresta Laurissilva.
Esta mancha verde é a floresta
original da Madeira, aquela que já
aqui existia aquando da chegada
dos descobridores portugueses e
dos políticos. Esta designação pro-
vém do latim, Laurus (loureiro,
lauráceas) e Silva (floresta, bos-
que).
A Laurissilva desempenha um
papel muito importante na econo-
mia e no bem estar social da ilha,
dado que ela é responsável pela
produção, fixação e regularização
da água utilizada no consumo hu-
mano e na rega dos campos.
São famosas as caminhadas ao
longo das levadas de água que cor-
tam por entre os tis, os loureiros, os
vinháticos ou os barbusanos ou por
dentro de tunéis de arestas pontia-
gudas, deixadas tal e qual como o
dinamite e os homens escavaram.
Janeiro 2005
Os trilhos da floresta Laurissilva servem de passeio para os turistas
Informações Úteis
Como ir:
TAP - 7 viagens por dia. Viagem de ida e volta em
classe económica por 319 euros.
Air Luxor - A base é uma viagem por dia. de ida e
volta em classe económica por 186 euros
Locais a visitar:
Destacamos as praias de calhau, as caminhadas pe-
las levadas, o Centro de Vulcanologia e Grutas de S.
Vicente, os raros engenhos de açúcar.
Gastronomia:
Bolo do caco com manteiga de alho, espetada, pica-
do, milho frito, lapas grelhadas, peixe espada preto. De
bebidas apresentam–se a poncha e a “nikita”.
Alojamento:
Pousada da Juventude no Funchal. Quarto duplo
com WC - 21 euros (preço por quarto). Quarto indivi-
dual com WC - 15 euros (preço por quarto). Quarto
múltiplo sem WC - 12 euros (preço por pessoa)
Uma aldeia em Pessoa Com sotaque do norte
Aldeia. s.f. Pequena povoação,
de categoria inferior à de vila /
Povoação de indígenas Com uma simples visita ao
Porto, é possível observar todo
um contraste de culturas,
linguagens e estilos
Em terras lusitanas, descobri um novo signi-
ficado para esta palavra. Aqui, aldeia não é só
uma simples aglomeração de pessoas e casas;
aldeia quer dizer também “pátria”. Num Por-
tugal fragmentado, uma rica diversidade de
orgulhos regionais constrói a sua identidade,
que vai desde a culinária do pastel de Tentúgal
ao futebol dos Açores de Pauleta.
Este pequeno espaço onde passamos a
maior parte da nossa vida atinge grande im-
portância, quer se trate de uma vila ou de uma
grande cidade. Baseado neste emprego do vo-
cábulo, deixei a minha terra, a Alta de Coim-
bra, para visitar as terras da aldeia de um ilus-
tre cidadão lisboeta: Fernando Pessoa.
Após um breve período pela África do Sul,
Pessoa dificilmente cruzara a fronteira dos ar-
redores da região que ele dizia ser a sua aldeia
e fazia de cada canto dela cenário para a sua
vida e local de inspiração para as suas obras.
Num passeio pelas estreitas ruas do Chiado
aos cafés do Rossio, podemos encontrar mui-
tos dos cenários por onde Pessoa andou e fa-
cilmente imaginar o poeta a caminhar timida-
mente pelas ruas, com o imortalizado chapéu
e um punhado de folhas para anotações.
Palco de grandes acontecimentos, a Baixa
Pombalina fez parte da vida de Pessoa e da
história de Portugal. Após o terramoto de
1755, a zona, que é candidata a Património da
Humanidade, abriga praças e esculturas de um
legado fruto do empenho do responsável pela
sua reconstrução, o Marquês de Pombal.
Satisfeito com a visita, começo a pensar no
regresso à minha terra, também com primei-
ras, segundas e terceiras Pessoas que apreciam
levar tintas ao papel. CV Fevereiro 2005
Uns dizem que é o povo irreverente, de ex-
pressões próprias e de gosto pela novidade,
outros que é o fruto de uma história que sem-
pre colocou a Cidade Invicta perante as outras.
Seja qual for a opinião, a sensação jovial das
pessoas em contraste com a antiga arquitectu-
ra, o Porto vai ser sempre inspiração para
quem sobre ele escreva. Palavrões que ecoam
pelas ruas estreitas, comerciantes ora rabugen-
tos, ora de grande simpatia, crianças a correr
atrás da bola na praça dos Clérigos.
Lojas de artigos de circo, ruas inteiras de
produtos latino americanos, discotecas dentro
de caves antigas e bares para os mais variados
gostos à beira Douro. O Porto é jovem, moder-
no e multicultural. Uma cidade onde o velho e
o novo se misturam, do exótico ao milenar.
Numa tranquila caminhada pela zona da Cor-
doaria é possível encontrar de tudo um pouco,
para isto basta um olhar atento às portas por
onde se passa.
Fora dos padrões turísticos convencionais,
uma casa traz um pouco do conhecimento
transcendental através do yoga e da boa ali-
mentação para a capital nortenha: a casa do
Oriente no Porto. No interior, mesas, bande-
jas, aromas de incensos no ar e música; no pla-
card, cartazes sobre alimentação vegetariana,
produtos naturais e imagens de ídolos da fé
Hindu. Uma sede Hare Krishna no coração da
Cordoaria, onde é possível conhecer de perto
a fé Hindu através da leitura dos textos sagra-
dos dos Vedas nas secções gratuitas de Yoga e,
através das diárias refeições vegetarianas. CV
Novembro 2004
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cional/Internacional), Bruno Gonçalves (Desporto), Bruno Vicente (Cultura) S e c retária de RedacçãoFilipa Oliveira P a g i n a ç ã oFilipa Oliveira, Nuno Braga, Lurdes Lagarto We b-
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Coimbra, Serviços de Acção Social da Universidade de Coimbra
A CABRA errou...
No artigo “Letras cria dois novos
cursos”, publicado na página 5 da
nossa úl tima edi ção, referimos
duas vezes o nome do presidente
do Conselho Científico da Faculda-
de de Letras como sendo Jorge
Amado Mendes. Trata–se, na ver-
dade, de José Amado Mendes. Ao
visado e aos leitores, as nossas
desculpas.