Train: Em alguns vídeos admites já ter usado fast fashion no passado. O que te fez mudar de opinião? Como te deparaste com slow fashion e os seus valores?
Kristen Leo: A minha irmã enviou-me o link do documentário sueco “Sweatshop”. Fiquei imediatamente chocada uma vez que não tinha noção de quais eram as condições laborais nas fábricas de têxteis. Depois assisti ao documentário “The True Cost” e comecei rapidamente a remover produtos de fast fashion da minha vida.
T: Como mudaste os teus hábitos de consumo?
K: Comecei pela alimentação, deixei de consumir carne e produtos lácteos. Um ano depois passei para a roupa, a seguir comecei a boicotar corporações multinacionais como a Unilever, Nestlé e P&G, empresas de óleo de palma e de plástico, entre outros. Estou neste processo de mudança há 6 anos, a mudança não acontece do dia para a noite, por isso todos os dias tento melhorar.
T: Estás a tentar ser low waste. Como lidas quando não o consegues alcançar? Conheces alguma estratégia que facilite a redução de desperdício?
K: Ainda não tenho nenhuma estratégia para ser low waste. No ano passado estava a fazer um ótimo trabalho, encontrei uma loja perto de mim que vendia produtos a grosso mas fechou. Às vezes existem entraves e há vários fatores que não conseguimos controlar, especialmente no que toca a ser low waste, temos de aceitar que não conseguimos ser perfeitos.
T: O que pensas acerca da mentalidade e do estilo de vida que a maioria dos youtubers têm em relação a hauls?
K: Eu adoro thrift hauls! Fast fashion hauls estão a ficar fora de moda rapidamente e as atuais audiências têm muito mais consciência de onde vêm as roupas e não estão tão entusiasmados com o excesso de consumismo e ostentação que estão presentes nesses vídeos.
T: Consideras que a maior parte da comunidade do youtube percebe a importância e influência que tem na mudança de mentalidades? E achas que os espectadores praticam os que aprendem nos vídeos? Ou apenas veem para saber mais acerca do tema?
K: A maior parte dos youtubers definitivamente não tem noção do poder que tem para moldar as mentalidades e se têm usam-no muitas vezes para extrair dinheiro da sua audiência. Eu acho que a audiência de facto toma atenção e aprende, especialmente a partir de vídeos educacionais.
T: É público que tiveste um distúrbio alimentar. Consideras que ao tornares-te vegan ajudou-te a ultrapassar esse distúrbio?
K: Sim! A dieta vegan ajudou-me a compreender melhor o mundo da nutrição e ensinou-me a não ter medo de hidratos de carbono nem de fruta. Além disso, embora no início tenha optado por esta dieta de forma a perder peso, compreender a ética por trás desta dieta fez-me parar de a usar como uma ferramenta para perder peso mas sim como um movimento de libertação animal. Sendo uma ativista dos direitos dos animais, tenho obrigação de ser saudável tanto mental como fisicamente, de outra forma não posso ser tão útil como quero ser.
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