Trabalhos em Congressos Caderno_Pesquisas_Transportes_LuizDellaroza | Page 10
As pesquisas específicas, feitas com pedestres e ciclistas, denotam a recente tentativa
de atender ao planejamento urbano para meios não motorizados. São pesquisas relevantes
para apontar soluções e propostas de intervenções, além de medir a qualidade dos sistemas
de deslocamento a pé e por bicicleta. Porém, são pesquisas pontuais e de abrangência
variada, cuja amostragem possivelmente exclui moradores de algumas regiões e seleciona
níveis de classe social.
A Pesquisa OD Domiciliar, pelo contrário, parte do critério de homogeneidade espacial,
aplicando-se certo número de questionários para cada região do município. Para validação
estatística, deve-se colher amostras de todos os perfis de renda, assim, apresenta-se mais
realista no que se refere à caracterização do perfil de deslocamentos no âmbito municipal. A
demanda captada por este tipo de estudo representa a parte visível da necessidade de
deslocamentos das pessoas, considerando todas as viagens feitas pelo entrevistado no dia
anterior à pesquisa (VASCONCELLOS, 2001).
Sete dos quatorze PMUs estudados realizaram a Pesquisa OD Domiciliar, apontando
a relevância desse tipo de pesquisa. As informações mais recorrentes sobre a caracterização
do transporte não motorizado referem-se ao perfil socioeconômico (sexo, idade, ocupação,
situação familiar, renda e grau de instrução) e caracterização quantitativa das viagens
(horários, duração, motivos e destinos comuns). As informações dos sete municípios que
realizaram a OD Domiciliar foram dispostas abaixo:
Tabela 3 – Informações de transporte não motorizado nas pesquisas OD
Domiciliares estudadas
Município
Cambé
Rolândia
Informações
Perfil socioeconômico, caracterização do pedestre e ciclista; Motivos e
horários; Duração do trajeto e destinos comuns; Se foi a pé, por quê;
Observações sobre o bairro
Perfil socioeconômico, caracterização do pedestre e ciclista; N° de bicicletas
por domicílio; Motivos e horários; Duração do trajeto e destinos comuns; Se foi
a pé, por quê; Se não foi a pé, por quê; Observações sobre o bairro
Camboriú
Itajaí
Itapema
Navegantes N° de bicicletas por domicílio; Horário e motivo de viagens; Possíveis melhoras
nos deslocamentos a pé
Santa Maria Perfil socioeconômico, caracterização do pedestre e ciclista; Motivos e horários;
Duração do trajeto
Fonte: Prefeituras Municipais
Observa-se que a pesquisa OD Domiciliar foi utilizada, nos PMUs estudados, para
complementar os aspectos quantitativos de viagens levantados. Ao relatar a viagem realizado
no dia anterior em modo não motorizado, o entrevistado também foi caracterizado quanto à
situação socioeconômica e outras informações foram sistematizadas em grande escala, como
o número de bicicletas por domicílio, possíveis melhorias no deslocamento a pé, motivo de ir
ou não a pé para o destino, e observações sobre o bairro pertinentes à mobilidade local.
A partir do número de bicicletas por domicílio, por exemplo, pode-se ter um elemento
para caracterizar a demanda reprimida de famílias que possuem o equipamento e gostariam
de utilizá-lo, mas que não se deslocam deste modo por algum motivo. Ao se perguntar o
porquê daquele deslocamento ter sido a pé, ou não ter sido a pé, podem surgir indícios de
demanda reprimida por transporte público ou infraestrutura urbana de melhor qualidade. A