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Aline com seu namorado Matheus

todos os dias para minha mãe. Doía demais estar longe... Jurava para ela que estava tudo bem, mas, na verdade, queria colo. Desligava e chorava, mas sempre dava um jeito de me recompor. Falava pra mim mesma: não vou desistir! Não posso desistir! Três meses depois, fiz as malas para trabalhar em Paris. Depois, vieram NY, Tóquio, Barcelona...

Nessa época, ainda não recebia pelos trabalhos. Aliás, fiquei mais de dois anos sem receber! O que eu ganhava ia para uma conta conjunta com a agência, que usava tudo para pagar despesas de moradia e viagens. Mas a falta de grana era o menor dos problemas, juro. Não saber falar fluentemente o inglês me deixava muito frustrada. Tinha dificuldade de chegar ao local dos trabalhos e – pior! – era impossível entender os pedidos dos fotógrafos e stylists. Morria de vergonha...

Em Paris, TUDO MUDOU!

Viajei o mundo até completar 18 anos, trabalhando, na maioria das vezes, para marcas menores, sem muita representatividade no mundo da moda. Por um ano, cheguei a ser modelo de provas (aquela que só experimenta as peças dos desfiles) da Calvin Klein,

mas nunca me chamaram para os desfiles. Até que, na Paris Fashion Week do inverno de 2008, fui convidada para ser modelo de prova da Balenciaga. Por três dias, experimentei roupas sob o olhar de Nicolas Ghesquière, designer da marca na época. A surpresa maior? Nicolas gostou tanto de mim que me escalou para o desfile – e eu seria a primeira a entrar na passarela!

Até hoje, não sei dizer o que senti... É surreal a sensação de abrir um desfile desse porte. Fiquei meganervosa, o corpo tremia, a boca secou e só me concentrei para não cair. No final, meus bookers gritavam de felicidade. Diferentemente de mim, eles tinham noção do que havia acontecido: eu acabava, enfim, de virar “alguém” para o mercado internacional. Um ano depois, em 2009, já ganhava dinheiro suficiente para morar sozinha e pagar o aluguel do meu apê em NY. De lá para cá, foram muitas as oportunidades: desfiles para Marc Jacobs, Calvin Klein, Moschino, Burberry...

Ainda em 2009, Anna Wintour marcou uma reunião comigo. Já tinha cruzado com ela em fashion weeks, mas nunca nos falamos. Estava incrédula! Fui

até o escritório dela e conversamos por meia hora. Apesar da fama de durona, achei-a elegante e educada. Ela queria mesmo me conhecer! Perguntou da minha vida, da família e da minha cidade... Me surpreendi.

Dias depois, a produção do filme "O Direito de Amar" (2009), dirigido pelo estilista americano Tom Ford, ligou para a agência me convidando para uma participação. Adivinha quem havia me indicado? Anna Wintour! Fiz uma cena pequena, sem fala. Mas foi uma aventura e tanto passar três dias num set de filmagens em Los Angeles. Em 2014, fui convidada novamente por Tom Ford para estrelar a campanha de maquiagem Lips & Boys, da marca dele. E lá fui eu de novo para o set, gravar uma das campanhas mais importantes da minha vida.

Há oito anos, moro com meu namorado [o modelo Matheus Strapasson, de 30 anos] em NY. Nós nos conhecemos trabalhando, quando eu tinha 14 anos, e não nos desgrudamos mais! Estamos juntos há mais de dez anos. Sei que ele é o homem da minha vida e, um dia, quero que seja meu marido e pai dos meus filhos.

Quando me perguntam se me arrependo de ter deixado minha cidade e não vivido uma adolescência normal, sinto apenas por não ter estado sempre tão próxima daqueles que amo – neste ano, perdi meu pai aos 56 anos para um câncer de estômago. Mas não me arrependo das minhas escolhas. Sou extremamente grata pelas oportunidades que tive e, por

G/ NA REAL

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