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Tinha 14 anos quando tomei a decisão que mudaria minha vida para sempre: sozinha, decidi fazer as malas e me mudar para SP para modelar. A possibilidade de um dia ser modelo parecia irreal para uma menina como eu: tímida, sem muitas condições financeiras e moradora da Cohab de Seara, cidade pequena do interior de Santa Catarina. Era a primeira grande oportunidade que aparecia para mim...

A verdade é que cresci numa família bem humilde. Não tínhamos luxo, mas meus pais batalhavam muito para que a gente tivesse o melhor dentro de nossas possibilidades. Quando eu era pequena, morei em uma casa num desses conjuntos habitacionais populares. Lá, a prefeitura entregava o imóvel sem teto, sem acabamento nem saneamento...

Logo que a gente foi para lá, meu pai terminou de construir e abriu um mercadinho na garagem, onde eu e minha irmã, Cleide (três anos mais velha), passávamos a tarde, enquanto minha mãe trabalhava na fábrica de frangos da cidade. Eu e a Cleide, aliás, dividíamos mais do que o beliche e a rotina: eram roupas, brinquedos... Até a única bicicleta de ferro que a gente tinha havia sido da minha tia. Nunca me importei em ter nenhum luxo, mas lembro que quase morri de alegria quando meu pai chegou com o brinquedo mais “chique” que tivemos: um videogame, comprado no Paraguai por R$ 50.

Mas, apesar da nossa condição financeira, posso dizer que tive uma infância maravilhosa, brincando na rua o dia todo. Afinal, meu pai não deixava a gente brincar quando escurecia. O curioso é que não pensava que fosse sair da cidade. Não era um sonho, sabe? Toda a minha família morava (e ainda mora) no interior, e eu pensava que comigo aconteceria o mesmo, que também viveria lá para sempre. Eu queria era ser veterinária, cuidar de bichos. Não imaginava que chegaria tão longe, tendo a oportunidade de conhecer o mundo e tantas culturas diferentes. Ah, mas não deixei meu amor pelos animais de lado, viu? Há cinco anos, aqui nos Estados Unidos, adotei meu cãozinho Rocky, numa feira de adoção. Costumo ajudar esse tipo de causa e, no Brasil, apoio a Amais e também a ONG Amigos de São Francisco. Quando passo as férias por aí, sempre dou um jeitinho de visitá-los!

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Cresci em família humilde, morava numa Cohab. Mas sempre digo: minha infância foi maravilhosa"

O curioso é que não pensava que fosse sair da cidade. Não era um sonho, sabe? Toda a minha família morava (e ainda mora) no interior, e eu pensava que comigo aconteceria o mesmo, que também viveria lá para sempre. Eu queria era ser veterinária, cuidar de bichos. Não imaginava que chegaria tão longe, tendo a oportunidade de conhecer o mundo e tantas culturas diferentes. Ah, mas não deixei meu amor pelos animais de lado, viu? Há cinco anos, aqui nos Estados Unidos, adotei meu cãozinho Rocky, numa feira de adoção. Costumo ajudar esse tipo de causa e, no Brasil, apoio a Amais e também a ONG Amigos de São Francisco. Quando passo as férias por aí, sempre dou um jeitinho de visitá-los!

Hoje, aos 27 anos, aquela Aline que odiava ser magra e alta demais (tinha vários apelidos que prefiro nem me lembrar!) estrelou filme e campanha do Tom Ford – por sugestão da todo-poderosa da Vogue americana, Anna Wintour – e está no ranking do Models.com como uma das 50 melhores

modelos do mundo! Mas, como agora vocês já sabem, o caminho até aqui foi bem longo...

SP, miojo, $ contado...

Cheguei a SP, aos 14 anos, com uma mão na frente e outra atrás – mesmo! Fui morar num apê de modelos e pagava o aluguel para a agência com os trabalhos que conseguiam para mim. Ao todo, éramos dez meninas, mais ou menos da mesma idade, vindas dos quatro cantos do País.

No começo, me assustei demais, óbvio. Mas a gente tinha a Tia Carmem, senhora que morava conosco, cuidava da casa, nos acalmava... O pouco dinheiro que meus pais mandavam dava apenas para comer – olha, o que comi de miojo para economizar uns trocados não foi brincadeira! E, como todas passávamos perrengue de grana, dividíamos até espaços na geladeira, para ninguém pegar a comida de ninguém.

Mas a gente também se ajudava, ia junto aos testes... Porque a adaptação à cidade grande não é fácil. O barulho, o cheiro, o movimento... tudo era tão diferente de Seara! Nem sei quantas vezes me perdi no caminho dos castings.

A primeira viagem inter

A primeira viagem internacional rolou quatro meses depois, quando a agência me mandou a Miami para aprender inglês. Parecia um sonho, coisa que eu só via na TV: praia, gente do mundo inteiro... Fiquei feliz demais, mas era tímida pra caramba, tinha muita dificuldade nas aulas de gramática e morria de medo de tudo! Ligava -->

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