se passava cá em Timor Leste, porque Timor Leste estava fechado ao mundo." A ocupação indonésia permaneceu por 24 anos causando massacres e guerras entre a Indonésia e a resistência comandada pela Frente Revolucionária de Timor-Leste Independente (Fretilin), sendo um período que “os timorenses tentam esquecer” (Felisberto, timorense e estudante de jornalismo). Em 1998, com o fim do milagre econômico indonésio e B.J.Habibie assumindo a presidência da Indonésia, é aceito um referendo onde a população votaria "sim" se quisesse a integração na Indonésia com autonomia, e "não" se preferisse a independência, realizado em 30 de agosto 1999, o “não” venceu com 78,5% de votos, mesmo assim o país ainda passou por alguns anos de conflitos contra milícias pró-Indonésia, a ONU interviu enviando um contingente de soldados para desarmar os milicianos e auxiliar no processo de transição e na reconstrução do país. Em 2002, o país finalmente se torna independente com a realização de eleições e elaboração de uma constituição.
Hoje, Timor Leste é um país ainda em recuperação dos males causados pelas colonizações tão recentes, que ainda refletem no presente, principalmente na questão econômica e social, os anos de exploração impediram um melhor desenvolvimento do país e melhor qualidade de vida para a população.
Outros reflexos e influências são mais visíveis na cultura, o melhor exemplo disso está no idioma ou melhor, nos vários idiomas falados no Timor, os oficiais são o tétum e o português, herança lusitana, entretanto o mais falado e o que as pessoas de lá mais se identificam é o tétum, talvez como uma rejeição às línguas dos colonizadores, já que o indonésio ainda é falado no país.
Continuando no campo das línguas, uma percepção nossa ao realizar as entrevistas foram os nomes portugueses da maioria dos timorenses que conversamos, Alvaro, Anastacio, Felisberto, José, João, todos com nome de origem portuguesa, o historiador portugues Rui Graça Feijó explica em seu texto “Os nomes dos Timorenses: Resistência à Indonésia e Construção de Identidade Nacional” que a apropriação dos nomes portugueses seria uma forma de resistir perante as políticas uniformizadoras dos indonésios durante a ocupação, onde o português foi proibido, em prol de uma “identidade nacional própria”.
Outro fator identificado na nossa pesquisa foi a supremacia da religião católica no Timor, que Feijó explica como sendo devido ao fato da Igreja “ter trocado a língua de culto do português para o tétum”, fortalecendo ainda mais a ideia do tétum como língua identitária dos timorenses. Tais influências são vistas também na arquitetura e na arte. Sendo sempre mais presente a influência portuguesa e a negação a indonésia.