Entrevista
Conversamos com o diretor nacional da unidade educativa e cultural do Arquivo e Museu da Resistência Timorense, Álvaro Rosário Vasconcelos, que nos contou um pouco sobre a história e a resistência timorense.
Fala um pouquinho sobre você Álvaro, seu trabalho, sua formação, sua trajetória...?
Eu me chamo Álvaro Rosário Vasconcelos, atualmente eu trabalho como diretor nacional da Unidade Educativa e Cultural no Arquivo e Museu da Resistência Timorense. Sou timorense, tenho 55 Anos, fui funcionário público no tempo da ocupação indonésia, desde 1986 até 1999, funcionário contratado da ONU desde 1999 até 2010, e sou funcionário no AMRT desde 2011. Fiz a minha licenciatura no ano de 2013 na área de Relações Internacionais na Universidade de UNPAZ em Díli.
Conta pra gente sobre a história do Timor Leste.
De acordo com alguns antropólogos, um pequeno grupo de caçadores e agricultores já habitava a ilha de Timor por volta de 12 anos a.C. Há documentos que comprovam a existência de um comércio esporádico entre Timor e a China a partir do Séc.VII ainda que esse comércio baseia-se principalmente na venda de escravos, ceras de abelha, sândalo de madeira nobre utilizada na fabricação de móveis de luxo e na perfumaria . Por volta do séc. XIV, os habitantes de Timor pagavam tributo ao reino de Java. O nome Timor provém do nome dado pelos malaios à ilha onde está situado o país, que significa “Leste”
O primeiro contato europeu com a ilha foi feito pelos portugueses quando estes lá chegaram em 1512 em busca do sândalo. Durante 4 séculos, os portugueses apenas utilizaram o território timorense para fins comerciais, explorando os recursos naturais da ilha. Díli, a capital do Timor Português, apenas em 1960, começou a dispor de luz elétrica e na década seguinte de águas, esgotos, escolas e hospitais. O resto do país, principalmente em zonas rurais, continuava atrasado. No dia 25 de abril de 1974, quando houve a Revolução das Flores em Portugal, o regime de Salazar caiu, então, Portugal deu a liberdade para os países colonizados
Em Timor Leste começou a criar os seus partidos políticos. Os maioritários dos partidos eram da Fretilin e União Democrática Timorense em que fizeram uma coligação no dia 20/05/1975 entretanto a coligação rompeu-se no dia 27/05/1975. Depois de ter cortado a coligação, no dia 11 de Agosto de 1975, o partido da UDT fez o golpe. No mesmo mês e no mesmo ano o partido de Fretilin fez o contragolpe e daí começou a ter o conflito dos dois partidos da UDT e Fretilin. Mais tarde o partido da Fretilin controlou o território de Timor Leste, então o partido da UDT e Apodeti refugiaram para a fronteira e entraram no Timor Ocidental. Com a presença dos dois partidos é que os indonésios aproveitaram para fazer a invasão a Timor Leste. No início da invasão, é que resultou nos cinco jornalistas internacionais que foram assassinados na fronteira em Balibó no dia 16/10/1975. A razão de assassinar os cinco jornalistas internacionais foi porque não queriam deixar sair informações para o exterior. Os indonésios vieram invadir Timor Leste com apoio dos Estados Unidos e da Austrália. Gerald Ford e Henry Kessinger vieram reunir com o presidente da Indonésia, Soeharto e o ministro dos negócios estrangeiros, Adham Malik, no dia 05/12/1975, no dia seguinte começaram a avançar e dia 07/12/1975, oficialmente, Timor Leste foi invadido pelos indonésios.