TELÚRICO 1 | Page 6

le monde A chapa que flutua sugere a presença do espirito sem- pre móvel. A dançarina segu- ra dois bastões, um em cada mão, representando os pólos positivo e negativo de ener- gia. Quando ela se move, os dois se movimentam em relação recíproca de modo compensatório, a simbolizar a interação dinâmica e cons- tante de todos os opostos.A grinalda natural que emoldu- ra a dançarina indica um en- trelaçamento harmonioso de todos os aspectos da nature- za, consciente e inconscien- te, para formar um todo con- tínuo e integrado. A grinalda cria um têmeno sagrado, den- tro do qual a dançarina está protetoramente encerrada. No sol, os gêmeos se encon- tram parcialmente fechados por um muro semicircular de tijolos de ouro; aqui o tême- no é vivo, natural e completo. Separa a dançarina de tudo o que não é significativo e es- sencial –de tudo o que não lhe pertence. Sem embargo disso, ela tem espaço para mover-se – o seu próprio espaço – dentro do qual está livre para expres- sar-se sem esforço. Em termos junguianos, ela simboliza o eu, centro da totalidade psíquica. 04 Chegamos à culminação da longa jornada. Nesta gra- vura final vemos uma dan- çarina nua emoldurada por uma grinalda viva de ramos entrelaçados. Nos cantos estão pintados um leão, um boi, uma águia e uma figu- ra angélica com um halo. A carta se chama O Mundo. A dançarina tem rosto, ca- belos e seios de mulher, mas as ancas finas e as pernas fortes dão a entender que se trata de um ser andrógi- no, que combina e integra, dentro do corpo, os elemen- tos masculino e feminino. Os opostos, cujo desenvolvi- mento vimos trançado aqui, se combinam numa entidade só. O sexo neutro afasta-a do mundo do pessoal para o reino do transcendental, mas a cor da pele marca-a como humana. A dançarina move- -se numa área de percepção descrita como “Tu és aquilo”. E “Eu sou aquilo que sou”.