Série Iniciados Vol. 23 | Page 62

Kit para decorionação de embriões de peixe-zebra (Danio rerio) utilizando peptidases do látex de Calotropis procera soluções de peptidases P5 e P6 em tampão Tris, 2 mg/mL, com e sem a presença de cisteína como ativador na solução. Os testes com as soluções de Pronase® e das peptidases foram realizados em triplicata e os resultados foram classificados de acordo com a observação e categorização dos embriões da seguinte forma: embriões com córion; embriões decorionados viáveis e embriões decorionados inviáveis. Em cada teste, 12 embriões foram coletados com o mínimo volume de água possível, e colocados em contato com 1 mL de cada solução durante um tempo total de 10 minutos para a solução de Pronase® e 20 minutos para as soluções de peptidases. No teste com a pronase, os embriões foram deixados em repouso durante 7 minutos, e ao final deste tempo, a solução em que estavam submersos foi levemente agitada através de 10 sucções com pipeta Pasteur. Ao final dos 10 minutos, novamente foram feitas 10 sucções e em seguida, os embriões foram lavados com água artificial, com o intuito de remover resíduos de Pronase®. Foram feitas 5 lavagens, cada uma com aproximadamente, 5 mL de água artificial. Nos testes com as peptidases, tanto na forma ativada, quanto na forma inativada, esperou-se o tempo de 20 minutos, dentro os quais os 7 minutos iniciais foram de repouso, e a agitação, através de 10 sucções, feitas em 7, 10, 13, 17 e 20 minutos. Por fim, os embriões foram lavados com a própria água do sistema e observados em um estereomicroscópio, num aumento mínimo de 80x, para serem classificados como descrito acima. A remoção do córion dos embriões com até 6 hpf utilizando a Pronase® foi efetiva, conforme já relatado na literatura (HENN e BRAUNBECK, 2011) (Tabela 2). No entanto, além de muito custosa financeiramente, a utilização de Pronase® mostrou-se muito ineficiente para decorionação, pois causou alta taxa de mortalidade e uma baixa reprodutibilidade do método. Após 10 minutos de exposição, o percentual de embriões decorionados e viáveis, ou seja, aptos para uso posterior, oscilou de 33,3 a 58,3%. Os outros embriões apresentaram algum dano ou então não foram decorionados. Tabela 2. Decorionação de embriões de peixe-zebra utilizando Pronase® Embriões decorionados Embriões com córion Teste 1 Teste 2 Teste 3 Viáveis 7 6 4 Inviáveis 2 3 3 Viáveis/Inviáveis 3 3 5 Total 12 12 12 Fonte: Elaborado pela autora. Apesar das frações P5 e P6 contendo peptidases cisteínicas ativadas terem apresentado atividade proteolítica total equivalente àquela da Pronase®, essas amostras não foram eficientes em promover a decorionação de embriões de peixe-zebra. Mesmo após 20 minutos de exposição à P5 e P6 e ainda com o auxílio mecânico das sucções com pipeta Pasteur, os córions dos embriões permaneceram intactos. A principal explicação pode residir na própria 62 Série Iniciados v. 23 especificidade das peptidases de P5 e P6, que são classificadas como do tipo cisteínica por possuírem cisteína e histidina em seu sítio ativo. Possivelmente, o córion de embriões de peixe-zebra não apresenta pontos de clivagem específicos (os aminoácidos) para que as peptidases cisteínicas consigam hidrolisar as ligações peptídicas e, assim, romper esse envoltório. Essa hipótese é reforçada pelo o fato de que já é relatado que peptidases do tipo serínicas (e.g. tripsina)