SST jogado no lixo Março 2015 | Page 4

Enquanto muitos ainda estão acordando, os coletores de lixo já estão nas ruas trabalhando. O serviço é dividido em dois turnos, que, por lei, deveria ser de 7h20, mas a impressão é de que o trabalho é executado durante 24 horas, já que a jornada normal é sempre ultrapassada. São horas e mais horas descendo e subindo do caminhão, que está muitas vezes em movimento, e se apoiando em barras extremamente inseguras.

Os serviços prestados pelos profissionais da limpeza pública, além de estarem relacionados à saúde pública, também geram empregos. Segundo a Superintendência de Limpeza Urbana de Maceió (Slum), estima-se que haja mais de 1.300 pessoas trabalhando na limpeza urbana da cidade, em funções que vão desde os que coletam o lixo orgânico e reciclável até os que varrem ruas e calçadas e que capinam os terrenos públicos. Cerca de 90% destes funcionários atuam pelas empresas terceirizadas contratadas pelo município, a Viva Ambiental e Limpel, que são responsáveis pela limpeza dos 50 bairros da cidade.

O trabalho do coletor exige muita força física e disposição. Eles percorrem de 10 a 25 km por dia atrás do caminhão de lixo, recolhendo de 5 a 12 toneladas de lixo diariamente. São eles os responsáveis pela coleta de dejetos de residências, estabelecimentos comerciais e industriais. Ainda dentre suas funções, está acompanhar o caminhão compactador, recolher, manusear, separar, e carregar e descarregar o lixo. Na grande maioria, os profissionais são homens, negros e pardos, pertencentes à classe baixa e média, mas que trazem consigo amor e orgulho pela profissão.

A carga de trabalho dos garis tem aumentado a cada dia, devido ao crescimento populacional e à geração de lixo, além da pressão sofrida por parte da empresa e também da população para que cumpram a limpeza. Para concluírem tudo, os garis têm que administrar o seu tempo, qualidade e segurança do serviço, além de criar estratégias e metas para tentar manterem uma jornada razoável.

Porém, apesar de toda importância do coletor de lixo para a sociedade, eles ainda são vítimas do "preconceito profissional". Segundo a psicóloga Ana Sá, especialista em Psicologia Organizacional e do Trabalho, o preconceito sofrido pelos garis por conta de sua profissão tem como explicação um fenômeno conhecido como invisibilidade pública. "Apesar da grande importância para a sociedade no geral, tem sido comum essa atividade ser vista como um trabalho 'inferior', de menor valor. Esse preconceito com os coletores de lixo acaba deixando-os em um segundo plano na estrutura social. É como se a população não 'enxergasse' esses profissionais", concluiu a psicóloga.

"É comum que essa atividade seja vista como inferior"

(Ana Sá, Psicóloga)

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