iluminar:
a metamorfose das fachadas e a percepcao humana
Inúmeras pessoas conviviam numa caverna, tendo seus braços, pernas e pescoços presos por correntes e sendo obrigados a olharem exclusivamente para a parede que ficava ao fundo.
Atrás dessa caverna existia uma fogueira e indivíduos que carregavam ao redor da luz do fogo estátuas, plantas e animais que tinham as suas sombras projetadas na parede, onde os prisioneiros fixavam o olhar. Na prisão, eles só podiam enxergar apenas as sombras das imagens, julgando serem as únicas projeções da realidade. Isso até ocorrer a fuga de uma das pessoas presas nesta caverna para o mundo exterior.
A princípio, a luz do sol e a diversidade de cores e formas assustaram o ex-prisioneiro. Mas, com o tempo, ele se encanta ao ver as coisas tal como elas são.
A experiência com a realidade foi tão forte que o ex prisioneiro não desejava mais voltar à caverna, a não ser para contar o que viu e libertar os demais. (1)
o elemento luz sempre acompanhou o homem em todas as s uas vivências, o fazendo ter consciência da sua própria realidade. A primeira percepção do mundo se dá pelo empirismo, ou seja, quando é sentido, tocado e visto.
O processo de ver depende da razão que interpreta os estímulos da luz,
possibilitando com isso a qualificação do espaço envolvente no qual se vive. Luz sendo configurada pelo seu valor expressivo, não só do ponto de vista plástico-visual, mas também perceptivo. Porque sem “(...) luz, a vida não seria possível. Sem percepção, não haveria sensibilidade nem inteligência. A luz faz para a vida aquilo que a percepção faz para a inteligência”. (2)
Essa fábula mostra singularmente que a compreensão do espaço, das pessoas e das coisas são provenientes de todas sensações que a luz desperta no homem, e este, mediante um conhecimento prévio, deixa-se iluminar. Como afirma Paulo Barnabé: “Iluminar é “mais” do que fornecer uma luminosidade adequada para uma determinada função; é expressar valores conotativos, modificando, controlando e mediando a luz;
porque o indivíduo olha o tempo todo, mas absorve somente aquilo que sua mente foi instigada a perceber e apreender. Deve sair do mundo das ideias para o inteligível.
A luz sempre capacitou a inspiração do mundo psíquico do homem, desde nossos ancestrais, como ilustra a alegoria platônica da caverna:
A luz é consciência da realidade, facilitadora das percepções e dissimuladora das nossas certezas.