Segurança - Prisão do Serial Killer de Goiânia Segurança - Prisão do Serial Killer de Goiânia | страница 4

GOIÂNIA, quinta-feira, 16 de outubro de 2014 O POPULAR 11 Serial killer Famíliassedizemaliviadas Wildes Barbosa Maioria dos parentes das vítimas acredita que Tiago seja mesmo o responsável por mortes Galtiery Rodrigues Os familiares das mulheres vítimas do suposto serial kil- ler estiveram ontem no Palá- cio das Esmeraldas para rece- ber a notícia da prisão do sus- peito e se disseram aliviadas. A angústia e a ansiedade senti- das por eles e relatada em re- portagem do POPULAR do úl- timo domingo (12), diante da falta de respostas e dos mais de dois meses de duração da força-tarefa, amenizaram e praticamente todos se disse- ram convictos de que o vigi- lante Tiago Henrique Gomes da Rocha, 26, é mesmo o res- ponsável pelas mortes. O pai da adolescente Isado- ra Cândida dos Reis, 15, o lan- terneiro Gilmar Cândido dos Reis, 47, disse acreditar que o assassino da filha é mesmo o suspeito preso na terça-feira (14). E ele tem evidências para Governador, secretário e delegados se reuniram ontem com familiares das vítimas isso. Quando Isadora foi assas- sinada no dia 1º de junho, no Setor São José, ela estava acompanhada do namorado. Ele foi a principal testemunha do caso. Ontem ao ver as fotos do homem preso circulando pela internet e sendo veicula- das na televisão, o jovem dis- se de imediato que se tratava do assassino da namorada. O rapaz trabalha numa lan house e disse ao sogro que um fato estranho se confirmou ontem. Dias depois da morte de Isadora, ele atendeu um ho- mem suspeito que foi até ao lo- cal para acessar a internet. As características do indivíduo, segundo ele, eram muito se- melhantes ao do assassino. E ontem veio a constatação: o homem preso é o mesmo que foi ao local de trabalho do ra- paz dias depois do homicídio. “Esse maldito desse cara Pressão,reuniõeseidentidades funcionaisdepoliciaisanotadas Desde a noite de terça-fei- ra a polícia deixou “vazar” a informação sigilosa de que no depoimento prestado Thiago teria confessado 39 assassinatos, mas listou, du- rante entrevista coletiva os nomes de oito das 15 mulhe- res mortas em Goiânia este nome. Não explicou, entre outras coisas, como o preso teria chegado a este número de vítimas nem em que ca- sos a Polícia Civil tem pro- vas contra o vigilante. Nos bastidores da Polícia Civil, duas reuniões foram decisivas para a prisão de Thiago. A primeira, na se- Secretário Joaquim Mesquita, ontem durante coletiva gunda-feira, aconteceu a portas fechadas no auditó- rio da Secretaria de Seguran- “Essa reunião mexeu com nosso brio. ça Pública. Repórteres que Foram anotados nomes e identidades tentaram cobrir o trabalho da força-tarefa chegaram a funcionais de todos que trabalham na ser coagidos a deixar o lo- investigação. Nos deram 10 dias para cal. A outra, mais dura e com prender o autor da morte das mulheres. a presença de 132 policiais, entre delegados, agentes e Fazer campanha por 18 horas seguidas. escrivães da força-tarefa, Essa foi a ordem.” aconteceu, também a por- Agente da polícia civil que pediu para não ser identificado. tas fechadas, no auditório do Instituto de Polícia Técni- co Científica, ao lado das es- pecializadas, na tarde de ter- balham na investigação. um agente. ça-feira. Nos deram 10 dias para Coincidência ou não, lo- “Essa reunião mexeu prender o autor da morte go após a reunião Thiago com nosso brio. Foram ano- das mulheres. Fazer campa- foi preso praticamente por tados nomes e identidades nha por 18 horas seguidas. “sorte” na Avenida Castelo funcionais de todos que tra- Essa foi a ordem”, contou Branco. (Rosana Melo) foi lá no serviço dele depois de tudo. Ele chegou a atender o cara. A gente imagina que ele foi até lá para ver se reco- nhecia o namorado da minha filha”, expõe Gilmar. O lanter- neiro se diz aliviado, porque, embora a prisão não traga Isa- dora de volta, pelo menos fará a justiça necessária. “Eu que- ria mesmo era minha filha de volta, mas não tem como con- viver com a injustiça”, disse. A mãe da recepcionista de academiaBruna Gleycielle,27, mortana noite do dia 8de maio também acredita na confissão dosuspeitopreso.Adonadeca- sa Marlene Bernadete de Sou- sa, de 55 anos, disse que já era tempo de prender, porque o as- sassino derramou muito san- gue de inocentes. “Ele simples- mente chegava e matava”. Du- rante a reunião, quando come- çaram a ler os nomes das víti- mas, cujas mortes foram assu- midasporTiagoHenrique,Mar- lene ficou torcendo para fala- remo nomeda filha. “Senti um alívio muito grande. A gente fica imagi- nando o rosto de quem pode- ria ter sido. E agora a gente viu o rosto. Sinto que a justiça começou a ser feita e tem de ser feita. Quem deve, tem de pagar. Por outro lado, sinto muito pelos pais dele, porque eles criaram uma pessoa que eles mesmo não conheciam. Criaram um monstro. Eu fico com pena dele também, infelizmente”, expõe Bernade- te, que é evangélica e se ape- gou a religião para superar os cinco meses de espera por al- guma resposta. Dona Marlene, no entanto, não conseguiu ficar dentro da sala até o fim da reunião. Ela diz que saiu antes porque não aguentava mais olhar para a cara do delegado adjunto da Delegacia de Investigações de Homicídios (DIH), Welling- Renato Conde/9.8.2014 Conotação políticanas redessociais A prisão do suposto serial killer foi o quarto assunto mais comentado no Twitter, atrás apenas de Dilma, Aécio e o debate. A maioria das pos- tagens dava conta da prisão de Tiago Henrique Gomes da Rocha, que teria confessado os assassinatos de mulheres e moradores de rua, e repercu- tia o fato de forma positiva. Pessoas de todos os cantos do País retuitaram a notícia e a re- percussão da prisão junto a vi- zinhos e parentes de vítimas. Tão logo entrou na rede so- cial a prisão ganhou uma in- terpretação política. Partidá- rios da oposição relaciona- ram a notícia ao um anúncio “bomba” prometido pela cam- panha do candidato do PMDB, Iris Rezende. Adeptos do candidato tucano, Marco- ni Perillo, enalteceram o go- verno pela prisão efetuada. O fato de o suposto serial killer ter um comportamento tão eclético, atacar tanto mu- lheres, como moradores de rua, não passou despercebido pelos usuários da rede social. Muitos posts questionavam sobre a possibilidade de o deti- do não ser o assassino, “de não ser o culpado, mas o culpabilizado”. As contradi- ções da polícia, tanto em rela- ção às mortes dos moradores de rua, como das mulheres, também foi tema de posta- gens. (Andréia Bahia) ton Carvalho. Desde a primei- ra vez que foi chamada para depor, ela guarda mágoas do delegado, que, segundo ela, afirmou que a filha seria garo- ta de programa e que isso po- deria ter alguma relação com a morte. Ele foi o primeiro res- ponsável pelo caso, que, com a criação da força-tarefa, pas- sou para o delegado adjunto da Denarc, Eduardo do Prado. “Eu fiz a escrivã chorar na hora, porque ele ficou jogan- do essas conversas e eu disse que mesmo se ela fosse prosti- tuta, nada justificaria a mor- te. E também ninguém colo- cou ele para fazer juízo dela. Nenhuma dessas meninas me- receu morrer dessa forma. To- do mundo tem telhado de vi- dro e quem tem telhado de vi- dro não pode jogar pedra no telhado de ninguém, não”, conta a dona de casa. Ela lem- bra que com a suspeita de um serial killer, que matava alea- toriamente, cai por terra qual- quer julgamento do tipo. A avó da adolescente Bár- bara Ribeiro Costa, de 14 anos, morta no dia 18 de janei- ro, deixou a reunião sem acre- ditar totalmente na confissão do suspeito. “A gente acredita não acreditando. Sei lá, acho que, pela pressão que eles fa- zem em cima dele, ele acaba confessando todos os crimes para não sofrer tanto”, disse a autônoma Valdomira Ribeiro do Nascimento, de 57 anos. Só em agosto, o caso de Arlete Carvalho foi relacionado a outras mortes, após familiares participarem de protesto. Na foto, Rita Fernandes, madrasta da vítima. Mãedevítimaprocura delegaciaparadepor Eduardo Pinheiro A mãe de uma das vítimas do suposto serial killer foi on- tem à Delegacia Estadual de Narcóticos para buscar infor- mações. Chorando muito, I.S.C disse que demorou de- mais para prenderem “o assassino” da filha. Esteve na Denarc na tentativa de depor contra o suspeito. Ela é mãe de Arlete Carvalho, de 16 anos, morta no dia 28 de janeiro, no Bairro Goiá, em Goiânia. I.S.C. estava na Espanha quando a filha foi assassina- da. Conseguiu chegar a Goiâ- nia somente um mês após a morte e ficou sabendo depois de ter contato direto com os parentes. “Não tiveram cora- gem de me dizer. Descobri tar- de demais. Fazia 13 anos que não via minha filha. Perdi mi- nha única moça”, lamenta. A morte da garota está entre as que o vigilante Thiago Henri- que dos Santos teria confessa- do à polícia. O POPULAR mostrou em re- portagem de 10 de agosto que a adolescente não estava na lista dos homicídios investiga- dos pela força-tarefa da Polí- cia Civil. A família da garota chegou a protestar, na Praça Cívica, para não deixar o caso cair no esquecimento. Segun- do familiares, ela foi morta após sair para ir à casa de uma amiga, levar uma chapinha de cabelo. Quando estava vol- tando, um motoqueiro che- gou perto, deu um tiro e foi embora sem levar nada.