Scripsi Scripsi 4 | Page 52

Em Rollinat, o poema narra a viagem do cataléptico em seu caixão até o cemitério, evidenciando a hipocrisia humana, a decadência dos costumes, e a busca pela psique; na paráfrase de Augusto de Lima, o caixão se torna uma metáfora da condição humana; e em Augusto dos Anjos, o cortejo torna-se o fundamento da reflexão sobre a consciência da vida e a consciência da morte do homem moderno, em Momento num café, Manuel Bandeira retoma o tópos, mas a partir de uma experiência íntima e cotidiana com a morte. A poesia de Bandeira resgata, não a consciência, mas a dignidade humana e a sacralidade divina. Visto e revisto, como o próprio cortejo aludido pelos poemas, esse tema fúnebre e ontológico atravessa os tempos, testemunhando a importância dessa poesia para a formação de nossa poesia. Coube-nos apresentar ao leitor esses despojos solenes.