Scripsi Scripsi 4 | Page 16

XXIX (Do livro Sombras & Luzes) Eu sei que toco o firmamento eu sei que toco os dedos da noite eu sei que toco o que te prende a um cometa desvairado quando toco o último fado a ser feito – como um animal que morre a cada novo grito do alvorecer. Renasço neste instante. Eu sei que é tarde quando se é cedo, beijando-te a carne mole, a carne que fede do ânus aos olhos de um avestruz por tua sombra, que se recobre do pó estelar de espadaúdos aguilhões. Abraço-te as ferrugens, grudo in natura e tua pele enrugada se estica durante a tarde, se estica e me come a consumir os miolos do pensamento que me enlaça – como uvas-passas estilhaçadas nas fronteiras da qualidade imoral (moralíssima) de fatos, dos frutos de bocas pardais.