Transito não é brincadeira
Menina brinca de boneca e menino de carrinho. Essa já foi uma grande verdade,
mas à medida que o machismo perde espaço na sociedade, as mulheres
assumem a direção e o mesmo acontece nas brincadeiras entre as meninas
Fonte: http://www.atribunanews.com.br/media/images/5943/79671/58f110d9d57af2f5fa9f07ee8d86cf7d6dff02cdca47d.jpg
Música agitada, sequência rápida de imagens,
potência e velocidade são elementos comuns em
comerciais de carrinhos de brinquedo e pistas de
corrida. Desde cedo, os meninos associam a direção à
adrenalina e ao perigo – são carros que se quebram
ao bater na parede, monstros engolidores de veículos
e as famosas corridas. Não há comprovação de que
receber esses estímulos vá fazer com que, na vida
adulta, um menino seja imprudente no volante, dirija
seu carro a 190 quilômetros por hora, ou pratique
rachas. Mas o fato de eles serem levados pela mídia e
pela própria família a se aproximar de carros e a usá-
lo como objetos que remetem à vida adulta e a
liberdade tem suas consequências.
Para a pedagoga Maria Helena Gusso Mattos,
coordenadora de Educação para o Trânsito do Detran-
PR, essa estimulação que eles têm desde pequenos é
refletida mais tarde e uma prova disso é o maior
envolvimento de homens em acidentes de trânsito.
“Dos acidentes que ocorrem com carros de passeio,
76% são causados por jovens do sexo masculino. E
não se pode dizer que é por eles dirigirem mais. O
número de homens e mulheres motoristas já é
proporcional”, afirma a pedagoga.
Segundo ela, o problema é cultural: enquanto as
mulheres têm uma conduta mais segura e observam
mais as normas, homens tendem a ser mais
desafiadores. “Você não vê uma mulher comprando
um veículo por causa da potência ou da velocidade. A
mulher costuma priorizar a segurança, o conforto e
outros detalhes, como porta-objetos. Também é raro
encontrar mulher que abuse da velocidade ou
pratique racha”, diz.