Você havia mencionado que a INVERSO é a junção entre política e clínica, como isso funciona?
TH- Política, clínica e arte. A natureza da INVERSO vem de uma dimensão política, nasceu no mesmo ano da Lei 10.216 , uma lei antimanicomial, e a inclusão tem que ter esse viés político, a gente luta sempre pra loucura ter uma cidadania ativa, de deveres e direitos. No fundo a gente quer mudar a representação social da loucura, não é essa ideia também do louco gênio, do louco artista, louco é uma pessoa, que pode ser gênio, pode ser burro, pode ser inteligente, é uma pessoa que tem gripe, que tem febre e tem suas demandas, então a temos que pensar na representação, no diálogo com a política, com a clínica, com a arte e com a mídia principalmente.
Quais são os limites que separam o conceito de loucura do de normalidade?
TH- A loucura é uma forma mais intensa de viver, é um mergulho no real, usamos muitos artifícios simbólicos pra lidar com a realidade, quando a gente ta ansioso a gente vai lá e toma um sorvete...a loucura é intensa. Todo mundo já teve uma experiência de escutar uma voz, só que ela (a loucura) escuta o tempo todo, todo mundo lava a mão, mas ela lava a mão dez vezes, é o mesmo comportamento do normal, mas muito mais intenso, frequente. O problema é que ela está tão absorvida por aquele fenômeno que não consegue fazer as atividades cotidianas. Mas o delírio e a loucura se mostram muito criativos diante da dor, por exemplo, eu tenho um paciente que é extremamente isolado, então ele escuta vozes e brinca com essas vozes, ele não sofre por causa disso, diante de um isolamento intenso, a psique cria vozes pra fazer companhia.