REPLÚBICAS DOS BANANAS
Parlamento
Diz-se que é a casa do povo
Sabidamente, é a morada do tubarão
Habitat dos velhacos, maquiavélicos
Local do conluio, conspiração
Amordaça, estraçalha
Os desinformados, desavisados
Os que vivem uma subvida
Os que só assistem de camarote
Engolem o engodo
De uma fala macia
De um olhar altivo
De um gesto cortes
O nascedouro insustentável
De um sub ser
A criação sistemática
De uma nova classe
A ralé, párias, lúmpen
O ofuscar obscuro, enigmático
A busca da cidadania
Parlamento... Parlamento... Parlamento...
No epílogo
A configuração plena
De um par de lamentos
Dúzias de lamentos
Aliás, um muro das lamentações
O mais cruel
Todas as carnificinas
Tudinho dentro da lei
A cada burocrata, tecnocrata,
De plantão
A mesma ladainha
Em algum lugar, perguntou-se
Quando essa massa
Vai despertar, do seu sono
Particular, secular?
Saber de sua força de gigante!
Enfim, é muito pouco
O conformismo, simples e puro
Se os dados estão rolando
Esta é a regra do jogo
É uma virtude
Saber fazer do parlamento
Não um par de lamentos
Um par de reivindicações, conquistas
Não dúzias de lamentos
Dúzias de questionamentos,
Cobranças e acertos de contas
Não um muro das lamentações
Um muro inconteste
De afirmações, dos levantes
Sublevações e vitórias
Por fim, o sucesso dos opressores
Abate firme e forte
Sobre os incautos, os boçais
Faz de ti parlamento
O estigma, o fetiche
Nos registros sejais
A instrumentalização de atrocidades
Para quem acha desprezível
O encanto, a utopia
O romantismo, o sonho
Da justiça
Da verdade
Da liberdade.
© Francisco Szermeta