Samba Acadêmico Brasil Edição 12 ANO II Março 2017 | Page 34

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m 1890 foi decretada em todo o território nacional a proibição da prática da Capoeira. Quem fosse pego praticando a Capoeira era preso, seria torturado e até mutilado pela polícia. Sua pratica passou a ser realizada em locais isolados e afastados dos centros urbanos “escondidas”. A partir de 1940 a capoeira deixou de ser crime e abandonando definitivamente a ilegalidade que era promulgada pelo poder constituído.

Apelido

Como a Capoeira e seus praticantes – capoeiristas, foram perseguidos e sua pratica incluída como transgressão da Lei de 1890 até 1940 quando finalmente foi retirada do Código Penal, era importante para a preservação dos mestres e alunos a aplicação de apelidos ou nome de capoeira que eram homologados por ocasião do batismo do praticante. Assim, não se divulgava o nome de registro civil, somente eram conhecidos seus apelidos dificultando uma perseguição policial.

O batizado na Capoeira é o momento em que o capoeirista recebe ou oficializa seu apelido, ou nome de capoeira. Os apelidos podem surgir de vários motivos que vão desde uma característica física, uma ironia, uma habilidade, uma dificuldade até a região ou cidade de origem do praticante. Existem três escolas de capoeiragem atualmente.

Capoeira Regional – A partir Luta Regional Baiana criada por Mestre Bimba a partir de 1937 deixando-a mais enxuta e muito mais eficiente para o combate, inseriu também golpes de outras artes marciais.

A Capoeira de Angola criada por Mestre Pastinha em 1941 através do Centro Esportivo de Capoeira Angola, que mantinha sua forma mais tradicional e original possível. Já na época do Império a pratica de capoeira era conhecida como “brincar de angola”.

Capoeira Contemporânea surgiu partir de 1970 com um estilo misto unindo fatores da Regional e da Angola. Alguns acreditam ser a evolução natural, outros como descaracterização da capoeira. De forma que tudo aquilo que não é Capoeira Regional ou Capoeira Angola passou a ser denominada de Capoeira Contemporânea.

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oordenado pelo professor de antropologia José Jorge de Carvalho da Unb, o Encontro de Saberes já conseguiu catalogar 1.137 mestres do conhecimento popular em todo o país e o próximo passo é conceder título de notório saber aos que passaram pelas salas de aula das universidades. Segundo Carvalho, os processos estão em andamento e os primeiros títulos devem sair ainda este ano.

“Muitos mestres são analfabetos, eles não têm curso superior. Mas as universidades têm esse título de notório saber, que normalmente dá para pessoas que já são do mundo letrado. Nós estamos propondo que seja dado o título de notório saber a esses mestres para que eles possam atuar como professores substitutos ou visitantes. Isso é uma revolução na universidade, porque aqui não é lugar de quem não estudou na tradição europeia, como os negros e indígenas que tem outros saberes.” Conforme matéria “UFRJ debate inclusão de saberes populares no ambiente acadêmico” de Akemi Nitahara – repórter da agência Brasil de 28/01-2016.

Notório Saber

Reconhecimento do Notório Saber de Mestre Nô – Sr. Norival Moreira de Oliveira, educador popular e Mestre de Capoeira. A cerimônia foi realizada no dia 29 de março de 2016, no auditório da Reitoria, na UFSC. MAGNÍFICA REITORA ROSELANE NECKEL e o Diretor do Centro de Ciências da Educação da Universidade Federal de Santa Catarina Prof. Dr. Nestor Habkost

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